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Diogo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Amanda Nunes prova mais uma vez que não há adversária para ela

Amanda Nunes com seus cinturões após vitória sobre Megan Anderson no UFC 259 - Jeff Bottari/Zuffa LLC
Amanda Nunes com seus cinturões após vitória sobre Megan Anderson no UFC 259 Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC

Em sua sétima defesa de cinturão e segunda no peso pena (até 66 kg), Amanda Nunes precisou de apenas dois minutos e meio do primeiro round, para finalizar a australiana Mega Anderson no UFC 259, no último sábado (6). A característica da brasileira é exatamente essa: em poucos minutos ela aniquila suas adversarias, por esse motivo ganhou o codinome de Leoa.

Amanda simplesmente varreu a categoria, não há mais adversária ranqueada para enfrentá-la. Mesmo tendo a norte-americana Juliana Penã, como possível rival nos pesos galo (até 61,2 kg), ainda não vi nenhuma adversária suportar a mão pesada de Amanda. Levar a luta para o chão também não parece uma boa estratégia para neutralizá-la.

Assim quando se deparar com uma leoa, você não tem o que fazer. Se correr ela pega, se subir em árvore, ela sobe e se nadar, ela também nada. A única estratégia é de fato sobreviver. E até o momento ninguém sobreviveu para contar a história.

A baiana de Pojuca, município que fica há 70km de Salvador, traz em suas habilidades as duas maiores características de lutadores brasileiros. O boxe afiado, que pratica desde os 16 anos, e o jiu-jitsu fazem dela uma atleta completa.

O boxe, que assim como a capoeira, faz parte da tradição baiana e revelou grandes lutadoras, como por exemplo Adriana Araújo, bronze nos Jogos Olímpicos de Londres, e Bia Ferreira, campeã mundial de boxe e classificada para Tóquio 2021.

Amanda estreou no MMA em 8 de março de 2008, no Dia Internacional das Mulheres. Entre 2008 e 2012, Amanda competiu no Strikeforce e, em 2013, migrou para o Invicta, organização em que lutou apenas duas vezes.

Morando nos EUA, Amanda foi integrada à equipe American Top Team, e sua evolução começou. Em agosto de 2013, ela estreou no UFC e iniciou uma jornada avassaladora. Já são 13 anos na modalidade, mas ela demorou para se tornar conhecida do grande público.

Amanda Nunes aplica golpe em Megan Anderson durante UFC 259 - Chris Unger/Zuffa LLC - Chris Unger/Zuffa LLC
Amanda Nunes aplica golpe em Megan Anderson durante UFC 259
Imagem: Chris Unger/Zuffa LLC

Em julho de 2016, ela tirou o cinturão dos pesos galo, até 61kg, no UFC 207, de Miesha Tate. Mas foi só em dezembro daquele ano, que ganhou fama para além do público cativo da organização ao derrotar Ronda Rousey, a lutadora que abriu as portas para as mulheres na modalidade.

Amanda foi tão fulminante que precisou de apenas 48 segundos para nocautear a adversária, obrigando o árbitro a encerrar a luta para não machucar ainda mais a maior estrela feminina da época.

Naquele momento conheci um fenômeno: a mulher, lesbica assumida, baiana que entraria para o hall da fama do MMA, como a maior de todas.

A Leoa é a única lutadora, entre homens e mulheres, a conseguir defender cinturões de duas categorias diferentes de forma simultânea, ou seja, sendo detentora do peso galo ela defende também o peso pena, obtendo sucesso em ambas.

Aos 32 anos e com um cartel de 21 vitorias e apenas 4 derrotas, Amanda ainda não foi convidada a participar de filmes e campanhas publicitarias, assim como foi a Ronda e outros lutadores com menos estrela do que a Leoa. Sabemos que o estereótipo de beleza é o que define esse mercado, principalmente para as mulheres, e que os filmes de lutas estão longes de contratar mulheres como protagonistas.

Dona de dois cinturões do UFC, a Leoa diz que ficou ainda mais feroz depois da maternidade e que agora ficou ainda mais difícil enfrentá-la.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Amanda Nunes tem 32 anos, não 35.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL