Diego Garcia

Diego Garcia

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Corinthians: Auditoria de agente questiona RCE, mas Justiça nega recurso

A Justiça de São Paulo rejeitou mais um pedido de recurso feito pelo empresário André Cury no processo do Regime de Centralização e Execuções (RCE) movido pelo clube, que busca formas de quitar R$ 367 milhões em dívidas.

Cury apresentou uma auditoria de uma empresa independente questionando os métodos adotados pelo Corinthians no RCE. Para os profissionais contratados pelo empresário, o clube não atendeu a todos os requisitos obrigatórios exigidos por lei para conseguir os benefícios da centralização de execuções.

Entre os requisitos não atendidos pelo Corinthians, estariam a falta de identificação de alguns créditos, a ausência de relatórios independentes, a falta de individualização das ações de cada um dos credores, a falta de apresentação do fluxo de caixa de 2024 e a falta de divulgação de estimativa auditada de dívidas, entre outras coisas.

O agente queria a suspensão da liminar que concedeu ao clube os benefícios do RCE e obrigasse o Corinthians a apresentar documentos que estariam faltando no processo, além de explicar onde foi parar o dinheiro recebido na venda de Wesley, que havia sido penhorado em outra ação, mas não consta nas informações disponibilizadas pelo clube.

O juiz Guilherme Lamêgo, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, porém, sequer intimou o clube para responder os embargos abertos por Cury, porque decidiu rejeitar o recurso por entender que o pedido não apontou omissões na decisão judicial e sim suposta irregularidade na documentação e plano apresentados pelo Corinthians.

A Justiça pediu para a documentação ser apreciada no futuro, junto ao relatório da auditoria independente, e vai aguardar a manifestação dos outros credores do clube, que foram intimados a se manifestarem quanto ao plano de pagamento e documentos juntados pelo Corinthians no RCE.

No início de fevereiro, o Corinthians apresentou à Justiça uma proposta de pagamento aos seus credores listados no Regime de Centralização de Execuções (RCE). O objetivo é quitar R$ 367 milhões em dívidas com diversos fornecedores, agentes, jogadores e processos judiciais em andamento.

A forma de pagamento foi dividida de forma a preservar a saúde financeira do clube e com o planejamento de quitação em 10 anos. O Corinthians também quer que "credores parceiros" tenham benefícios no plano de pagamento. São considerados dessa forma pelo clube aqueles que mantiverem a prestação de serviços ou fornecimentos ou que tenham valores bloqueados em processos e concordem com o desbloqueio dessas quantias.

No documento, o time alvinegro listou ter R$ 926 milhões em passivos com fornecedores, agentes, jogadores e processos judiciais em andamento, mas apenas R$ 367 milhões entram no RCE. As dívidas tributárias alcançam R$ 817 milhões, enquanto as dívidas da Arena estão em R$ 677 milhões.

Continua após a publicidade

Por fim, o clube prometeu realizar um controle orçamentário para conseguir cumprir o planejamento e quitar todos os débitos. A coluna procurou o Corinthians para comentar, que não se manifestou. A reportagem será atualizada caso queira se manifestar.

Na semana passada, o clube atacou Cury no processo o acusando de querer tumultuar o RCE. O empresário vem abrindo seguidas petições acusando o Corinthians de fraude processual e contra credores, por contratos assinados com a Caixa que supostamente estariam protegendo o clube de pagar suas dívidas, de acordo com a visão da defesa do agente.

"(André Cury) Acusa o clube de forma deliberada e caluniosa, em conluio com a Caixa Econômica Federal, entidade pública altamente fiscalizada, para fraudar credores através dos contratos de cessão fiduciária", disse o Corinthians. O clube é representado no processo pelos advogados Júlio Mandel e Elias Mubarak Júnior.

"O objetivo é tumultuar o processo, criando um ambiente de instabilidade jurídica e causar insegurança aos credores", finalizou o clube.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.