Corinthians: Auditoria de agente questiona RCE, mas Justiça nega recurso
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A Justiça de São Paulo rejeitou mais um pedido de recurso feito pelo empresário André Cury no processo do Regime de Centralização e Execuções (RCE) movido pelo clube, que busca formas de quitar R$ 367 milhões em dívidas.
Cury apresentou uma auditoria de uma empresa independente questionando os métodos adotados pelo Corinthians no RCE. Para os profissionais contratados pelo empresário, o clube não atendeu a todos os requisitos obrigatórios exigidos por lei para conseguir os benefícios da centralização de execuções.
Entre os requisitos não atendidos pelo Corinthians, estariam a falta de identificação de alguns créditos, a ausência de relatórios independentes, a falta de individualização das ações de cada um dos credores, a falta de apresentação do fluxo de caixa de 2024 e a falta de divulgação de estimativa auditada de dívidas, entre outras coisas.
O agente queria a suspensão da liminar que concedeu ao clube os benefícios do RCE e obrigasse o Corinthians a apresentar documentos que estariam faltando no processo, além de explicar onde foi parar o dinheiro recebido na venda de Wesley, que havia sido penhorado em outra ação, mas não consta nas informações disponibilizadas pelo clube.
O juiz Guilherme Lamêgo, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, porém, sequer intimou o clube para responder os embargos abertos por Cury, porque decidiu rejeitar o recurso por entender que o pedido não apontou omissões na decisão judicial e sim suposta irregularidade na documentação e plano apresentados pelo Corinthians.
A Justiça pediu para a documentação ser apreciada no futuro, junto ao relatório da auditoria independente, e vai aguardar a manifestação dos outros credores do clube, que foram intimados a se manifestarem quanto ao plano de pagamento e documentos juntados pelo Corinthians no RCE.
No início de fevereiro, o Corinthians apresentou à Justiça uma proposta de pagamento aos seus credores listados no Regime de Centralização de Execuções (RCE). O objetivo é quitar R$ 367 milhões em dívidas com diversos fornecedores, agentes, jogadores e processos judiciais em andamento.
A forma de pagamento foi dividida de forma a preservar a saúde financeira do clube e com o planejamento de quitação em 10 anos. O Corinthians também quer que "credores parceiros" tenham benefícios no plano de pagamento. São considerados dessa forma pelo clube aqueles que mantiverem a prestação de serviços ou fornecimentos ou que tenham valores bloqueados em processos e concordem com o desbloqueio dessas quantias.
No documento, o time alvinegro listou ter R$ 926 milhões em passivos com fornecedores, agentes, jogadores e processos judiciais em andamento, mas apenas R$ 367 milhões entram no RCE. As dívidas tributárias alcançam R$ 817 milhões, enquanto as dívidas da Arena estão em R$ 677 milhões.
Por fim, o clube prometeu realizar um controle orçamentário para conseguir cumprir o planejamento e quitar todos os débitos. A coluna procurou o Corinthians para comentar, que não se manifestou. A reportagem será atualizada caso queira se manifestar.
Na semana passada, o clube atacou Cury no processo o acusando de querer tumultuar o RCE. O empresário vem abrindo seguidas petições acusando o Corinthians de fraude processual e contra credores, por contratos assinados com a Caixa que supostamente estariam protegendo o clube de pagar suas dívidas, de acordo com a visão da defesa do agente.
"(André Cury) Acusa o clube de forma deliberada e caluniosa, em conluio com a Caixa Econômica Federal, entidade pública altamente fiscalizada, para fraudar credores através dos contratos de cessão fiduciária", disse o Corinthians. O clube é representado no processo pelos advogados Júlio Mandel e Elias Mubarak Júnior.
"O objetivo é tumultuar o processo, criando um ambiente de instabilidade jurídica e causar insegurança aos credores", finalizou o clube.
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