Empresário acusa Corinthians de fraude e tenta derrubar plano por dívidas
O empresário André Cury, que levou o técnico Ramon Diaz ao Corinthians e representa diversos jogadores, entre eles o atacante Yuri Alberto, foi mais um a ingressar na Justiça para tentar interromper o Regime Centralizado de Execuções (RCE) aberto pelo clube.
Com uma dívida superior a R$ 30 milhões para receber do clube, ele acusou a agremiação de fraude junto à Caixa Econômica Federal para fraudar seus credores.
Em mais de 400 páginas enviadas ao tribunal pela advogada Adriana Cury, que representa o agente, o empresário tentou mostrar que o Corinthians cometeu fraude judicial e tenta anular o RCE que foi autorizado pela Justiça na semana passada.
Cury aponta que o Corinthians cedeu, a partir de 2022, todos os seus recebíveis - como direito de transmissões, direitos de atletas, de campeonatos, bilheteria, de premiações, de ações de seu fundo de investimento - a terceiros, no caso, a Caixa Econômica.
O empresário anexou documentos celebrados em cartórios que mostram que a Caixa reclame o crédito de seu suposto direito e, após recebê-lo, pode redirecioná-lo ao clube devedor. Dessa forma, o Corinthians vem conseguindo retirar do juízo as execuções e valores bloqueados.
A defesa de Cury interpreta a ação como fraude à execução, especialmente porque a Caixa se manifestou em vários processos do clube, após o bloqueio das contas bancárias corintianas, reivindicando para si o valor das penhoras. E, então, retornava os valores para uma conta de livre movimentação do Corinthians.
"Com essa manobra, o Corinthians há tempos vem fraudando as execuções", disse Cury à Justiça.
Dessa forma, o empresário defende que o clube não pode se beneficiar dos benefícios da Lei 14.193, já que agiu de forma dolosa para não cumprir com suas obrigações, instituindo mecanismos que promoveram a fraude nos tribunais de São Paulo.
O agente ainda acusou o Corinthians de esvaziar seu patrimônio desde 2022, quando desistiu de uma primeira ação de RCE. Ele anexou matrículas de imóveis onde constam alienação a terceiros ou hipotecas. Assim, não existem recebíveis, bens, ações ou direitos nas mãos do clube, o que caracterizaria um estado de insolvência.
"Portanto, não é o caso de conferir os benefícios da Lei da SAF é de intervenção judicial para decretação da sua falência e responsabilização de seus gestores", diz a defesa de Cury.
O agente ainda citou um processo seu contra o clube, onde foi nomeado um administrador judicial para possibilitar a agremiação de pagar sua dívida. Porém, o Corinthians, após receber um plano de pagamento, arcou apenas com a primeira parcela e virou as costas. Ele acredita que o time alvinegro fará o mesmo na RCE.
"É outra farsa e, o pior, ao omitir informações relevantes e não apresentar a correta relação de seus credores, provisionamento de recebíveis, induziu o tribunal ao erro. O valor apresentado da dívida não está correto, como não está correta a informação que será possível promover os pagamentos aos seus credores porque os recebíveis e aqueles que serão ajustados foram objeto de cessão à terceira pessoa por prazo indeterminado", disse Cury.
A defesa de Cury também diz que o Corinthians não juntou demonstrações financeiras relativas a 2024 e nem trouxe informações necessárias para conferir elementos necessários para o juízo deferir a RCE. Todos os documentos são de anos anteriores.
O empresário pediu que a Justiça revogue a tutela que concedeu ao Corinthians a RCE, que seja revogada a ordem que suspendeu todas as execuções e que o clube apresente todos os documentos devidos para comprovar sua solvência e ainda os contratos de cessão fiduciária, empréstimos e patrocínios, para mostrar como pretende pagar seus créditos.
Por fim, quer que o clube reserve valores de vendas de atletas para evitar o esvaziamento patrimonial e a imediata intervenção na gestão financeira do Corinthians.
Procurado pela coluna, o Corinthians enviou uma nota. Segue, abaixo:
"O Corinthians reforça que o tema em questão está sob responsabilidade do Poder Judiciário, que nomeou um Administrador Judicial para acompanhar e fiscalizar todas as questões relacionadas, incluindo a gestão do fluxo de caixa do clube.
O Regime Centralizado de Execuções (RCE) é um movimento fundamental para a organização do fluxo de pagamento das dívidas, alinhado ao compromisso do Corinthians em manter a transparência e a responsabilidade na condução de suas operações financeiras.
Reiteramos nossa confiança no processo em curso e seguimos empenhados em assegurar a sustentabilidade e o fortalecimento institucional do Clube".
A Caixa também foi procurada e afirmou que "não comenta ações judiciais em curso e nem contratos abarcados por sigilo bancário previsto na LC 105/2001. O banco reforça que adota postura contratual ética e legal, preservando a política de crédito vigente na instituição".
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