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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Mulher acusa Marcelinho e ex-cartola do Santo André de calote em hospital

Marcelinho Carioca está sendo cobrado na Justiça para o pagamento do tratamento de câncer da mãe - Gustavo Bezerra/PT
Marcelinho Carioca está sendo cobrado na Justiça para o pagamento do tratamento de câncer da mãe Imagem: Gustavo Bezerra/PT

com Thiago Braga, colaboração para o UOL

01/01/2022 04h00

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Um dos maiores ídolos da história do Corinthians, Marcelinho Carioca foi acionado na Justiça por uma mulher que o acusa de não pagar o tratamento hospitalar da própria mãe, Sueli, que morreu em 2009. Claudia Ferreira afirma que ela arcou com as despesas do tratamento da mãe de Marcelinho e cobra R$ 123 mil do ex-jogador.

No processo, Claudia Ferreira diz que era advogada de Ronan Maria Pinto, ex-presidente da empresa que administrou o Santo André por seis anos —a Saged (Santo André Gestão Empresarial Desportiva Ltda). Ela diz que atendia os clientes do cartola e resolvia suas questões particulares e de terceiros ligados a ele, sem receber extra por isso. Entre essas pessoas estava Marcelinho, que defendeu o Santo André no fim da carreira, de 2007 a 2009.

Na época, Sueli estava internada no Hospital do Câncer. A advogada alega que Ronan pediu para transferir a mãe do ex-jogador para o Hospital Sírio Libanês, já que seu estado de saúde tinha se agravado. Segundo a advogada, Marcelinho estava em concentração e não podia acompanhar a mãe doente. Assim, Ronan pediu que ela resolvesse a situação, assinando contratos médicos como avalista e bancando o atendimento emergencial.

"Marcelinho Carioca, na época jogador do Santo André, não poderia ser incomodado, menos ainda, ficar preocupado com esse assunto", alegou a advogada na ação. Ela mesma disse ter acompanhado a transferência da mãe do atleta ao hospital, assinado o cheque caução.

Após a morte de Sueli, Claudia diz ter ficado com todos os custos médicos sob sua responsabilidade. Assim, foi acionada na Justiça pelo Hospital Sírio Libanês e condenada a pagar por todo o tratamento realizado.

Como o processo aconteceu enquanto trabalhava para Ronan, ela diz ter ficado tranquila, pois o empresário prometeu arcar com os custos do acordo, como costumava fazer. Porém, isso não ocorreu no caso da mãe de Marcelinho, já que Ronan foi preso pela Operação Lava Jato em 2018.

"Ronan não cumpriu com sua responsabilidade de pagar pelo tratamento da senhora Sueli, e nem o filho desta (Marcelinho Carioca), e por isso a requerente (Claudia) sofre com a penhora de sua conta e de seus bens em ação executiva (movida pelo Sírio)", dizem os advogados no processo.

Claudia alega que, após Ronan ser envolvido nos processos da Lava Jato, filhos do cartola assumiram suas empresas e descumpriram o acordo feito junto ao Sírio, de pagamento de R$ 140 mil, com R$ 5,6 mil por mês, em 25 parcelas. Ela anexou conversas que mostravam que o empresário era o responsável pelos pagamentos.

No total, a advogada cobra R$ 16,8 mil de parcelas que arcou sozinha do acordo com o Sírio, R$ 8,5 mil que teve penhorados por honorários e mais R$ 99 mil de diferença na execução movida pelo hospital. Em decisão inicial, a Justiça mandou Ronan e Marcelinho serem citados para apresentarem defesa.

Marcelinho foi procurado pela reportagem desde segunda-feira, por mensagens de celular e telefonemas, mas não respondeu. A coluna não encontrou Ronan para comentar.

O ex-gestor do Santo André foi condenado por lavagem de dinheiro em 2ª instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre (RS), em março de 2018, a cinco anos de reclusão em regime fechado. Ficou dez meses preso e, em março de 2019, passou a cumprir pena em regime semiaberto.

Segundo os desembargadores, a empresa Expresso Nova Santo André, que teria Ronan como destinatário, recebeu R$ 5,6 milhões oriundos de um empréstimo de R$ 12 milhões. A Justiça considerou a operação - realizada pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin -, fraudulenta.

A coluna também tentou contato com os advogados de Claudia, mas não conseguiu retorno. Caso as partes queiram se manifestar, a nota será atualizada.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado anteriormente, Ronan Maria Pinto foi presidente da Saged, não do EC Santo André. O erro foi corrigido.