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Diego Garcia

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Advogado de Neymar contesta ativista LGBTI+ e pede multa a ele em ação

Neymar organiza jogada na partida do Brasil contra a Colômbia pelas Eliminatórias da Copa - Luisa Gonzalez/Reuters
Neymar organiza jogada na partida do Brasil contra a Colômbia pelas Eliminatórias da Copa Imagem: Luisa Gonzalez/Reuters

Colunista do UOL

15/10/2021 15h12Atualizada em 15/10/2021 20h12

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Davi Tangerino, um dos advogados da família de Neymar, respondeu na Justiça ao processo aberto pelo ativista LGBTI+ Agripino Magalhães, que cobra R$ 1 milhão de danos morais dizendo que foi assaltado à mão armada a mando do jogador e de seu representante e que precisou fugir após sofrer ameaças de morte de pessoas relacionadas ao atleta.

Em contestação enviada à Justiça ontem (14), Tangerino, defendido por um time de advogados, diz que Magalhães tenta enriquecer de forma ilícita às custas dele e de Neymar. Para eles, o ativista tem uma atuação baseada em brigas judiciais falaciosas contra declarações polêmicas de figuras públicas, buscando publicidade, material para suas redes sociais e autopromoção de sua vida pública.

Os advogados de Tangerino defendem que a narrativa de Magalhães é "delirante" e trazida sem provas ou quaisquer circunstâncias que indiquem que tais fatos existiram. Eles definiram o processo como uma "saga criativa" do ativista, com fatos mentirosos e distorcidos em uma "narrativa fantasiosa".

Em contato com a coluna, Flávio Siqueira, advogado de Tangerino, afirmou que sua equipe espera a condenação de Magalhães Magalhães por argumentos falsos apresentados na ação.

"As alegações levadas ao processo são infundadas. Não foram apresentados no processo quaisquer indícios ou provas que possam vincular o Sr. Davi a tal narrativa. Por isso, a expectativa da defesa é de que a petição inicial seja indeferida de plano e seja aplicada uma multa por litigância de má-fé ao autor, que pode chegar a 10% do valor da causa", disse Siqueira.

Já Magalhães, à coluna, disse que Tangerino deve "provar na Justiça o que está contestando" e que já acionou seus advogados para se manifestarem no processo. Neymar, réu ao lado de Tangerino, ainda não foi citado na ação por não ter sido encontrado pela Justiça, já que mora em Paris, onde defende o PSG.

De acordo com a contestação de Tangerino, o autor viu em episódio envolvendo Neymar, a mãe do jogador e um ex-namorado dela, que seria bissexual, uma oportunidade para se promover e ganhar projeção midiática provocando o Ministério Público a se manifestar sobre o caso e pedindo uma indenização milionária.

O incidente em questão aconteceu no ano passado, quando Neymar foi gravado em uma conversa chamando o então namorado de sua mãe de "viadinho" e "dá o c* do caral*".

Magalhães acusou o advogado de Neymar de lhe enviar mensagens com ameaças para que ele desistisse de um pedido de apuração do caso. Ele também afirma que Tangerino teria oferecido dinheiro para ele desistir de uma denúncia. O ativista ainda alega que as provas se perderam após seu celular ser roubado a mando de Neymar e seu advogado. Por isso, o acusa de fraude processual.

Os advogados de Tangerino classificaram as denúncias como absurdas, sem nada que explique as alegações e nenhuma prova legítima. Ainda classificam a narrativa do autor como "desespero para fazer o juízo crer em suas tresloucadas alegações". Para eles, o processo "não se trata de pedido sério sob nenhum aspecto".

Magalhães diz no processo que atualmente está desempregado, sem dinheiro e alega complô entre Polícia Civil, Ministério Público e os réus para arquivar as representações criminais que ele tem encaminhado para os mencionados órgãos. Ainda acusa supostos "parças" de Neymar de perseguição, por mensagens recebidas de terceiros em redes sociais.

No ano passado, Magalhães foi ao Ministério Público pedir a prisão de Neymar pelos crimes de tentativa de homicídio, incitação ao ódio, ameaça de morte e homofobia, depois que o áudio do atacante falando sobre o então namorado da mãe vazou.

A promotoria negou os pedidos, mas o ativista afirma ter sofrido ameaças por telefone e pelas redes sociais depois que suas denúncias foram noticiadas pela imprensa. A pedido do MP, a 15ª Delegacia de Polícia de São Paulo instaurou um inquérito para investigar essas ameaças e incluiu Neymar como investigado.

Em abril, Magalhães ingressou com a ação pedindo R$ 1 milhão por danos morais. O ativista tem atuações como assessor parlamentar, suplente de deputado estadual e presidente de uma associação em prol dos direitos de pessoas LGBTI+, além de ter sido candidato a deputado estadual em 2018 e a vereador nas eleições de 2020.

Agripino afirmou que seus advogados vão apresentar réplica na contestação.

"Meus advogados estão tomando a providência sobre a contestação. Percebemos que essas pessoas se sentem acima da lei, que podem fazer o que quiserem com as pessoas, falar o que quiser, espalhar ódio, fazer brincadeiras que causam sofrimento na vida das pessoas e ficar por isso mesmo. A Justiça tentou citar o Neymar várias vezes no Brasil e não consegue. Por aí, percebemos que não respeitam as leis", disse Magalhães.

O advogado criminalista Angelo Carbone, que representa Agripino, afirmou que segunda-feira vai peticionar uma réplica contra a contestação de Tangerino.

"A ação é proposta contra o Tangerino e o Neymar. O Neymar poderia ter recebido aqui a notificação em São Paulo, mas disseram que está em Paris. O Tangerino contestou em São Paulo. Estamos intimando Neymar por rogatória para a França, mas Tangerino apresentou a contestação antes do tempo, fez isso para jogar na mídia", afirmou.

"Os caras tentaram matar o Agripino e quero uma solução para isso", finalizou Carbone.