Gesto de Ríos para torcida é burrice, mas podia gerar reflexão no Palmeiras
O que fez Richard Ríos é errado. Para ser ainda mais claro, é uma burrice. Jogador não pode mandar a sua própria torcida calar a boca. É preciso um respeito com a arquibancada. Mas esse é o jeito mais fácil de analisar a polêmica com o jogador colombiano do Palmeiras na vitória por 1 a 0 contra o Cerro Porteño. Vamos olhar com mais contexto?
Nos últimos anos, cinco jogadores entraram em conflito com a sua própria torcida no Allianz Parque: Luiz Adriano, Breno Lopes, Zé Rafael, Gabriel Menino e agora Rios. É normal? E digo mais: a lista só não é maior porque muitos se controlaram. Rony lidera a fila, com Abel flertando mais de uma vez para também engrossar o coro.
Isso já aconteceu em algum outro time no país? Aconteceu recentemente em algum outro lugar do mundo? Pior ainda: é normal acontecer na fase mais vitoriosa da história do clube? São dez anos de conquistas.
Torcedores em geral perderam um pouco a noção da crítica. O nível de exigência no Palmeiras vai além da conta. Claro que o torcedor espera sempre um time jogando bem, ainda mais com o alto investimento, mas há uma diferença entre cobrar, pedir vontade e tratar como se ninguém mais servisse.
Também é verdade que esse não é um comportamento padrão, observado em 100% da torcida do clube. Na realidade, a arquibancada quase sempre está apoiando e a minoria tem adotado tom mais crítico. Já houve até o episódio de a torcida "comum" calar a organizada durante vaias e críticas. Teve, inclusive, o aplauso em eliminações.
Mas qual é o X da questão? As redes sociais. E vamos combinar: o certo seria ninguém olhar os comentários feitos no Twitter, no Instagram e em outras plataformas, onde todo mundo é valente. Mas é fácil? Ainda mais para jogadores de 20 e poucos anos que cresceram com celular na mão? É normal um atleta ser xingado 24 horas por dia, ter a família ameaçada e conviver o tempo inteiro com o ódio?
Torcedor paga ingresso, tem o direito de xingar, o jogador ganha um alto salário para aguentar a pressão e tudo mais que você pode pensar. Mas estamos normalizando o ódio em um nível que não faz bem para ninguém. Nem para quem odeia e nem para o odiado.
Opinião
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