Danilo Lavieri

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Flamengo não assinar manifesto contra racismo na Conmebol é inacreditável

"O Flamengo optou por não assinar o manifesto da Libra contra a frase racista de Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol". Foi essa a frase que eu ouvi de integrantes do grupo mais cedo, enquanto fazia o UOL News Esporte. O tempo passou e eu ainda custo a acreditar.

É simplesmente inacreditável que algum clube brasileiro se recuse a assinar um manifesto antirracista. É tão inacreditável que questionei ao Flamengo o motivo de tal decisão, mas não obtive resposta. Depois disso, meu colega Rodrigo Mattos publicou que o entendimento do clube é que essa não é uma questão para ser resolvida via Libra. Só piorou.

O clube também emitiu uma nota oficial às 13h10, como você pode ver no fim do texto.

Ao mesmo tempo que é inacreditável, não chega a ser surpreendente diante dos últimos passos do Flamengo nesses episódios de racismo.

Quando Alejandro usou a metáfora do Tarzan e da Chita, o Flamengo não se manifestou e a explicação era que a diretoria estava em voo voltando do sorteio da fase de grupo da Libertadores. O voo é eterno? Ainda não pousou?

É verdade que quase nenhum clube se manifestou de forma veemente contra o episódio, o que mostra a falta de união e de senso anti-racista da maioria dos clubes brasileiros. É sempre bom lembrar que não basta não ser racista, mas você precisa ser antirracista. Mas quando finalmente os clubes assinaram um manifesto, você decide ficar fora?

Antes disso, o presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, foi na contramão da maioria dos brasileiros e disse que era contra punição aos clubes por manifestações racistas de seus torcedores. A justificativa só piorou a situação, alegando que o racismo no Brasil é crime e nos outros países não é.

E daí? Por causa disso continuaremos aceitando passivamente que nossos vizinhos nos chamem de macaco a cada rodada da Libertadores?

O Flamengo também não se manifestou quando viu seus torcedores chamando Luighi, atacante do Palmeiras, sendo chamado de chorão na disputa de pênaltis da final da Libertadores sub-20. Ora, se você chama de chorão um garoto que derramou lágrimas por ter sido chamado de macaco você está sendo conivente com que tipo de atitude?

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Os clubes brasileiros precisam entender que o futebol vai muito além de ganhar três pontos e levantar taças. O futebol pode ser catalisador de movimentos sociais e a luta contra o racismo precisa de aliados de peso no mundo todo. Basta de conivência.

NOTA OFICIAL

O Flamengo luta contra qualquer forma de racismo e discriminação há muito tempo e reafirma seu compromisso no combate estrutural ao racismo no futebol e na sociedade. No entanto, entendemos que as relações institucionais com a Conmebol devam ser conduzidas pela CBF, entidade que representa oficialmente os clubes brasileiros nos torneios sul-americanos.

No Flamengo, o combate ao racismo vai muito além do discurso. Além do manual interno de Combate ao Racismo, finalizamos os ajustes jurídicos para incluir em nosso estatuto uma cláusula antirracismo. O Flamengo tem plena consciência de sua enorme responsabilidade social e busca, todos os dias, ações estruturais que tragam impacto positivo real para o futebol e para a sociedade.

Clube de Regatas do Flamengo

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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