Danilo Lavieri

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ReportagemEsporte

Plano do Corinthians para pagar dívidas é 'preguiçoso e permite time caro'

A ideia do Corinthians de entrar em Regime Centralizado de Execuções, o RCE, é uma maneira "preguiçosa e que evita que o clube faça grandes mudanças na sua política de gastos para arcar com as dívidas que têm no momento". A opinião é de especialistas ouvidos pela coluna.

O total das pendências supera R$ 2 bilhões, mas o pedido é de R$ 367 milhões, que é a parte mais grave do rombo e a que causa o maior estrago em termos de bloqueios judiciais de receitas.

Com isso, o Timão não precisaria diminuir os seus investimentos de maneira brutal no futebol ou contrair empréstimos para equalizar as suas finanças, como já fizeram em momentos diferentes clubes como São Paulo, Flamengo e Palmeiras.

Com o RCE, a equipe de Parque São Jorge poderia manter um time caro, com folha salarial alta e só perderia 4% de suas receitas recorrentes e 5% de suas vendas para pagar esse total em até 10 anos.

Quando fez seu plano de recuperação financeira, o Flamengo, por exemplo, diminuiu os gastos com o time profissional e se desfez de jogadores mais caros. O Palmeiras, por sua vez, fez um fundo de reestruturação de dívida com um mútuo feito pelo ex-presidente Paulo Nobre e reduziu os gastos drasticamente por dois anos.

O São Paulo, no momento, fez um fundo de investimento em direitos creditórios, o FIDC, no valor de R$ 240 milhões, e, no acordo, se comprometeu a diminuir gastos para honrar com os custos. A decisão, inclusive, causa ruído entre a presidência e o departamento de futebol.

A estratégia do Corinthians é considerada polêmica por todos os especialistas ouvidos pela coluna. Ninguém quis falar abertamente sobre o tema para evitar um conflito de interesses no futuro, mas há unanimidade ao apontar que essa prerrogativa só poderia ser utilizada pelos clubes que são SAF, Sociedade Anônima do Futebol, o que não é o caso do time de Parque São Jorge.

Há, inclusive, um precedente. A Portuguesa conseguiu uma decisão favorável da Justiça para ter o mesmo mecanismo como esse, não honrou com o compromisso, virou SAF e entrou com o pedido de Recuperação Judicial. Já na época vários especialistas contestaram a decisão, como mostrou a coluna do UOL Lei em Campo.

Segundo esses especialistas, há um grande risco de o RCE não funcionar, os credores não receberem e a dívida continuar se arrastando. Eles também admitem que a redação da Lei da SAF permite esse tipo de interpretação e abre brecha para esse tipo de decisão.

Reportagem

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