Topo

Danilo Lavieri

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Leila Pereira explica detalhes e custos da operação para avião do Palmeiras

Colunista do UOL

03/02/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Depois de divulgar para alguns conselheiros que comprou um avião para facilitar a logística do Palmeiras, Leila Pereira explicou com exclusividade ao blog como funcionará a operação e quais serão os gastos para o clube.

O UOL esteve por mais de uma hora com a dirigente e vai publicar por tópicos nos próximos dias os principais assuntos que foram abordados na entrevista realizada na última quinta-feira.

Na primeira parte, Leila explicou detalhes da operação que fará com que o time tenha um avião dedicado às viagens nos próximos meses e prometeu que tudo será fiscalizado pelo Conselho.

Confira a primeira parte da entrevista:

Danilo Lavieri - O avião foi comprado por sua empresa e você abriu uma empresa em outubro para isso. Como o Palmeiras entra nessa relação?
Leila Pereira:
Como é que surgiu essa ideia? Assim que fui eleita presidente, eu me deparei com as contas. O fretamento de uma aeronave é um valor muito alto e eu questionei o Anderson se era necessário fretar avião. Ele falou que era fundamental pela logística, pelo desgaste. Eu mesmo nunca viajo com eles, sempre vou no meu avião particular. Mas aí teve um desses jogos que não pude usar o meu e aí realmente eu entendi que era fundamental para a performance do jogador essa logística. Não só o Palmeiras, mas todos os outros clubes que fretam dependem da disponibilidade e pagam valores altos. Aí conversei com meu marido e perguntei: por que a gente não compra um avião? Quando ele estiver ocioso, eu posso fretar para outros clubes, torcedores, empresas? E aí surgiu a ideia. Eu vi a necessidade. Eu sou uma dirigente que sempre pensou primeiro no Palmeiras. Eu sou diferente, eu me acho diferente no meio do futebol. Em 2015, quando espontaneamente ofereci o patrocínio ao Palmeiras, foi para ajudar. Se eu estivesse pensando na empresa, poderia pulverizar em outros times. Mas enfim, vamos falar do avião. Constituímos a Placar Linhas Aéreas, a empresa, e compramos esse avião já faz uns dois meses, o futebol já sabia disso. O avião agora está na Europa e vem para o Brasil assim que organizarmos toda a documentação perante a Anac e em no máximo três meses ele está aqui.

Mas como o Palmeiras entra nisso? Qual o custo para o clube?
Leila Pereira:
A prioridade é transportar nossos jogadores. A gente viaja na hora que quiser e no dia que quiser. E ainda tem os custos mais baixos. O Palmeiras vai arcar com a despesa de combustível, tarifas aeroportuárias e tudo o que for do preço da operação. Eu não posso falar o valor de quanto seria isso, mas tenho certeza absoluta que é um valor muito inferior ao fretamento normal. O Palmeiras vai ter ganho financeiro e logístico.

E como ter a certeza que não haveria outros modelos melhores no mercado em relação ao que você oferece?
Leila Pereira:
Para que isso fique o mais transparente possível, vou submeter isso ao COF (Conselho de Orientação e Fiscalização). Tenho certeza que vão falar que vou ganhar em cima do Palmeiras. Eu nunca ganhei nada em cima do Palmeiras, eu só contribuo. Eu não pego uma camisa do Palmeiras, se eu quero eu compro. Eu tenho um ônibus também. Ele fica na Academia, esse ônibus é meu e transporta profissionais, convidados, fica à disposição do Palmeiras. O Palmeiras põe combustível e tem um motorista. Eu cobro algo? Nada! Então eu proporciono muitas coisas para o Palmeiras. Eu quero o Palmeiras cada vez mais vitorioso. A presidente precisa dar suporte aos nossos profissionais e é isso que faço. A aeronave, o ônibus, a Academia que reformei, eu vou reformar o parque aquático sem um centavo de despesa para o associado porque essa é uma promessa de campanha que vou cumprir. Fecho dia 27 de fevereiro e começo as obras que devem durar uns nove meses. Às vezes fico chateada com críticas de alguns segmentos da torcida, que não é a maioria. Eu tenho certeza que 99,9% dos torcedores estão extremamente felizes com a administração, mas uma pequena parte faz muito barulho. E aí, nós da imprensa... Eu falo nós porque sou jornalista também. E aí ficamos dando holofote, aparece demais e parece que é a maioria dos torcedores. Tenho certeza que não é. Há 10 anos perdíamos de 6 a 2 do Mirassol, em 2013, olha o que somos hoje? Então é isso que o torcedor consciente sabe.

Manter um avião é caro, muitas empresas precisam de subsídios para funcionar. Fretar o avião e pegar apenas os custos do Palmeiras vai fechar a conta? Ou você vai colocar dinheiro do bolso para o negócio funcionar?
Leila Pereira:
Sem dúvida, no começo da operação, vou colocar dinheiro do meu bolso. Eu tenho avião particular e o único benefício é o conforto, por viajar quando quiser, isso no meu avião. No avião da Embraer que compramos, eu vou colocar o dinheiro. Pode ser que não tenha o número de fretamentos que eu imagino. E aí quem vai colocar esse dinheiro sou eu. É um negócio. Para o Palmeiras vai ser benéfico por logística e custo e para as outras pessoas, outras empresas que quiserem locar vai ser valor de mercado. Mas todos esses valores eu vou conversar, vou fazer uma reunião especialmente para esse fim com o COF. O valor é esse. Qualquer viagem eu comparo com eles, o preço da operação, o preço do mercado, mostro duas cotações com companhias e o que eles querem pagar? É uma concorrência. Vai ser extremamente transparente.

Há um modelo de aviões usados na NBA com fisioterapia, com maca, com tratamento tudo dentro da aeronave. Vai ser assim que você pretende montar?
Leila Pereira:
Não, vai ser um avião normal, com 114 lugares muito confortáveis. Voltei agora de Brasília (após o título da Supercopa) em um avião desse fretado por uma companhia. Uma viagem maravilhosa (risos).

Quando você sair da presidência, esse avião segue à disposição do clube?
Leila Pereira:
Eu vou conversar com quem assumir. Eu trabalho aqui agora, pretendo me reeleger, se for reeleita e depois desse segundo mandato eu continuo no Palmeiras contribuindo como sempre fiz, desde 2015. Você para contribuir não precisa de cargo. Precisa de paixão, disposição e foco.

Siga também as opiniões de Danilo Lavieri no Twitter, no Instagram e no TikTok