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Danilo Lavieri

Por que Brasil sub-23 serve mais para Tite observar do que para Olimpíadas

Jogadores da seleção olímpica comemoram gol contra a Coreia do Sul - Reprodução/SporTV
Jogadores da seleção olímpica comemoram gol contra a Coreia do Sul Imagem: Reprodução/SporTV

Colunista do UOL

14/11/2020 11h59

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A seleção brasileira sub-23 fez um jogo equilibrado hoje com a Coreia do Sul. Em amistoso disputado no Egito, o time comandado por André Jardine venceu por 3 a 1. O resultado e até mesmo o desempenho importam pouco no caminho para a disputa das Olimpíadas do Japão em 2021. No fim, partidas como essa servem mais para a observação de Tite do que para a busca pelo bicampeonato olímpico.

E vai ser assim de novo na próxima terça-feira, quando o amistoso será contra os donos da casa. Nomes que já estiveram com Tite como David Neres, Rodrygo, Matheus Cunha e outros que ainda não tiveram a chance como Gabriel Magalhães sabem que a partida serve mais como trampolim para a principal do que para a busca pela medalha de ouro. Por quê?

Como as Olimpíadas não fazem parte do calendário da Fifa, nenhum clube é obrigado a liberar seus atletas para a disputa da competição. A tendência, inclusive, é que pouquíssimos times europeus topem abrir mão de seus talentos. Já foi assim até mesmo no Pré-Olímpico disputado em janeiro, na Colômbia.

Na ocasião, André Jardine precisou fazer dezenas de cortes no seu time considerado ideal. Vários times europeus se recusaram a liberar os atletas. No final, a defesa titular do Brasil na competição praticamente não havia jogado junto nas partidas preparatórias.

As dificuldades se repetirão na formação do time que viajará para o outro lado do mundo no ano que vem. Logo após o Pré-Olímpico, essa já era uma preocupação da diretoria de base da CBF, que mantém contato constante com as diretorias dos times europeus em busca de acordos.

Bruno Guimarães, por exemplo, foi um dos destaques da disputa na Colômbia. Durante a competição, ele foi vendido do Athletico para o Lyon, da França. Na negociação, ele deixou avisado que gostaria de disputar as Olimpíadas, mas essa é uma certeza que ninguém consegue ter.

Para esses jogos contra Coreia do Sul e Egito, Jardine poderia tentar montar um time mais próximo do real com atletas que atuam no Brasileirão. Os times daqui também não são obrigados a liberar os atletas, mas a negociação é mais fácil e, muitas vezes, interessante para times que precisam de seus jovens valorizados para uma venda.

O problema é que a lista do treinador poderia prejudicar ainda mais os que disputam Brasileirão e Copa do Brasil. Por isso, a opção foi a de chamar apenas atletas que atuam no exterior.

Ao mesmo tempo que servem pouco para as Olimpíadas, esses jogos servem muito para a observação da seleção principal. Há uma conexão constante entre comissões, com uma troca de informações sobre desempenho em treinos e amistosos. Em um calendário apertado, com poucos treinos e pouco tempo para observar atletas de perto, essas são oportunidades importantes para todos os envolvidos.