Tigre não tem pena

Ontem Palmeiras e Tigres decidiram quem perderá para o Bayern na final do Mundial, e o Palmeiras fez valer sua tradição para levar a melhor e escapar de vez da competição. Como eu já havia avisado aqui semana passada, o título da Libertadores deu ao Palestra a tranquilidade necessária para perder, sem se desestabilizar emocionalmente, as demais competições que disputa. O foco agora é a Copa do Brasil.

Mas pena que não veremos um Lucas Lima voando contra os alemães. Pena que não vimos os meninos da Vila no Qatar, que teriam totais condições de também perder na semifinal. E pena que, apesar da grande atuação, não veremos Weverton realizando seu sonho de repetir os passos do goleiro Marcos, escrevendo o nome na história do clube e falhando decisivamente na final. Pena. Mas tigre não tem pena.

O lado positivo é observar mais uma vez como Abel Ferreira sabe enaltecer seus adversários. Enfrentá-lo é hoje uma das experiências mais edificantes do futebol. Ganhando ou perdendo, você sai renovado, e com certeza o Tigres vai chegar muito forte psicologicamente para perder para o Bayern.

Destaque da semana: Gignac

Tigres que teve como destaque o experiente francês Gignac, jogador de Copa do Mundo, assim como Paulo Sérgio, Grafite e o próprio Felipe Melo, com sua inesquecível participação em 2010. Experiência que não faltou também para toda a equipe mexicana, inclusive os reservas, que depois do placar favorável já entravam em campo sentindo cãibras e paralisando o jogo (agora chama experiência isso).

Falando em paralisar o jogo, numa partida decidida em cobrança de pênalti, não podemos deixar de mencionar a boa arbitragem. O holandês Danny Makkelie foi escolhido não só por sua competência, mas por ser fluente em várias línguas, com total capacidade para ser xingado em diversos idiomas. Isso para viver plenamente a experiência de um Mundial é fundamental.

Makkelie também é conhecido por ter sido um árbitro prodígio, que apita desde os 10 anos de idade. Nem Mozart fazia isso. Com 10 anos, Mozart estava compondo sinfonias, provavelmente por pura incapacidade de lidar com o canhão de complexidades, delicadezas e humanidades que é uma partida de futebol. Especialmente numa derrota como essa.

Por outro lado, no Brasil

Por outro lado, no Brasil, o outro Abel (o Braga) demonstrou um planejamento superior ao alviverde: assim que chegou ao Internacional, tratou de tirar o clube da Libertadores e da Copa do Brasil o mais rápido possível, possibilitando a grande arrancada do Brasileiro. Entretanto, da mesma forma que a impossibilidade lógica de um Pará tricampeão da Libertadores tirou o título do Santos, o mesmo dilema filosófico em relação a um Rodinei bicampeão brasileiro pode atrapalhar o Inter.

Méritos para o Flamengo, que tendo tido a visão de plantar esse atleta no adversário, vinha se aproximando cada vez mais do Inter na tabela, até a hora em que se viu dependendo apenas de si para ser campeão, o que preocupou a torcida - e com razão, como visto contra o Bragantino ontem.

Enquanto isso, no Morumbi

Agora longe da briga pelo título, o São Paulo parece que demitiu o técnico Fernando Diniz há anos, mas tem só uma semana. Até porque nos corações dos cartolas tricolores, ele já havia sido demitido há tempos, mas o treinador acabou atrapalhando os planos da diretoria com vitórias fora de suas características. Nem ser demitido com eficiência Diniz conseguiu.

Há quem diga que o destino do treinador será o Big Brother, mas tudo indica que a Globo deve mesmo optar por Celso Roth para disciplinar certos brothers e conter a crise na casa.

Essa coluna não reflete nem minhas próprias opiniões. Escrevo enquanto discordo veementemente de minhas próprias palavras.

Craque Daniel é apresentador do Falha de Cobertura, (supostamente) ex-jogador, empresário de atletas e inocentado de todas as acusações feitas contra ele. (Personagem interpretado por Daniel Furlan, um dos criadores da TV Quase, que exibe na internet o Falha de Cobertura e Choque de Cultura.)