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Clodoaldo Silva

Braçadas pela inclusão: Clodoaldo Silva e UOL

Clodoaldo Silva fez homenagem a Muhammad Ali ao acender a pira olímpica em Natal (RN) - Rio2016/Andre Mourao
Clodoaldo Silva fez homenagem a Muhammad Ali ao acender a pira olímpica em Natal (RN) Imagem: Rio2016/Andre Mourao

14/07/2020 04h00

Faaaaaaaaaaaaala Galera!

Felicidade.... Essa é a palavra que ocupou minha mente e meu coração logo que fui convidado para fazer parte desse projeto do UOL, que demonstra o quão antenado está o Portal com a visão de mundo atual que valoriza a diversidade e não dá espaço para o desrespeito, preconceito e discriminação.

Felicidade em ter o desafio de falar de acesso nesse momento em que pessoas de todo o mundo sentiram na pele o significado de não ter acesso e, talvez, entenderam melhor o que uma grande parcela da sociedade enfrenta diariamente por falta de acessibilidade, inclusão, igualdade e oportunidades.

Quando digo uma grande parcela da sociedade, não estou falando somente das pessoas com deficiência (apenas essas somam, segundo as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, 1 bilhão de pessoas, o que significa que a cada sete pessoas uma possui deficiência). Estou falando em falta de acesso, falta de inclusão e de reconhecimento de direitos também das mulheres, negros e negras, gays, lésbicas, transgêneros, bissexuais, população indígena. Um contingente bem maior!

Por isso, minha felicidade é enorme. Porque sou privilegiado por ocupar esse espaço legítimo que tem o objetivo de falar sobre direitos, respeito, amor e cidadania. É como se diz sem ocupar espaços não podemos ser vistos. E a importância de alguém como eu escrever em uma coluna como esta, não tem preço.

Minha história de vida é igual à história de milhões de brasileiros que nasceram em comunidades pobres e são podados de oportunidades e, consequentemente, não conseguem crescer. Muitos escolhem o caminho inverso por causa de um sistema de ausências de políticas públicas, principalmente no tocante à políticas de saúde, educação, lazer, esporte e cultura. Esse processo cíclico vai se replicando em várias geração de famílias, traduzindo o retrato do nosso país. Nada animador!

Um cidadão como eu, que se destacou no meio da multidão, mesmo com as dificuldades impostas pelo Estado e pelo modelo cíclico familiar, é alguém que deve utilizar sua imagem em prol do bem social.

Sinto que tudo faz sentido nesse momento. Utilizar minha representatividade é mais um desafio na minha vida e, novamente, uma felicidade. Tenho consciência de que a minha trajetória serve para impulsionar vidas, transformar caminhos e contribuir para a formação de uma sociedade mais justa, igualitária, inclusiva e acessível.

Outro ponto positivo também é que inicio a minha coluna um pouco depois da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) completar cinco anos. Esse espaço servirá para discutir o cumprimento da lei e influenciar para que muitos artigos da LBI saiam do papel.

Nós, pessoas com deficiência, estamos cansados de ser os últimos da lista. À exemplo do que presenciamos em meio à pandemia em que o Estado, somente depois de quatro meses, na semana passada, lançou um plano para pessoas com deficiência.

Vivemos um momento em que boa parte da população mundial, incluindo empresas, associações, entidades e movimentos de defesa de direitos, não tolera a desigualdade, o ódio, a discriminação e a violação de direitos.

Prova disso é o que vimos nas duas últimas semanas, quando empresas do mundo inteiro se uniram para boicotar o Facebook e pedem que a rede social implante um sistema para barrar discursos falsos, racistas e de ódio, entre outros. O recado é claro: as empresas não querem ver suas marcas associadas a esse tipo de discurso.

O mundo está mais antenado aos problemas de uma sociedade desigual e sabe que isso pode adoecer o Estado. Este espaço vem em um momento propício para discussões como essas e muitas outras que surgem dentro do esporte, da política, em empresas, nas escolas e em qualquer outro lugar. Que a gente possa, cada vez mais, cultuar o respeito as diferenças.

Eu tenho a felicidade de informar que estarei todas as semanas apresentando temáticas neste espaço. A ideia é falar sobre esporte paralímpico, inclusão, acessibilidade e até mesmo sobre o racismo.

O real sentido de tudo que conquistei até hoje no esporte e na vida está bem na minha frente: ser um dos porta-vozes das pessoas com deficiência e lutar para que elas tenham acesso ao maior número de espaços na sociedade. Que essa iniciativa sirva para dar luz a tantas outras em que possamos demonstrar o nosso verdadeiro valor. Muita Felicidade!

Excelente terça-feir e abraços aquáticos a todos!

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