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Fogaça: O que os números projetam para Grêmio e Flamengo?

Troféu da Libertadores da América - Matthias Hangst/Getty Images
Troféu da Libertadores da América Imagem: Matthias Hangst/Getty Images
Gustavo Fogaça

30/09/2019 13h05

Faltando alguns dias para o primeiro duelo da semifinal da Libertadores, Grêmio e Flamengo seguem envolvidos em partidas do Brasileirão. Mas no país inteiro não se fala de outra coisa: quem passará para a grande final continental?

Muitas mesas redondas, programas de TV, rádio e jornal irão comparar as escalações, falar dos treinadores, da torcida, do histórico do confronto, etc. Até mesmo estatísticas serão comparadas. Será que os números podem realmente projetar algo do duelo mais importante do ano?

Terminei os parágrafos anteriores com perguntas justamente para que possamos passear por algumas respostas. E, para isso, vou utilizar a base de dados da InStat Football, maior plataforma de estatísticas de futebol do mundo.

Importante dizer que peguei os números de jogos do Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Deixei de fora estaduais e amistosos pela pouca competitividade. Sendo assim, Grêmio jogou 36 partidas e o Flamengo, 34 (não incluídos jogos das rodadas 21 e 22 do Brasileirão).

E o que vemos são desempenhos MUITO parelhos. Se na média o Tricolor realiza mais ações nas partidas que o Mengão (888 x 824), ambos acertam exatamente a MESMA quantidade: 80%. Quer dizer que ambos ACERTAM na mesma proporção.

Grêmio cria 5 chances de gol por partida e o Flamengo 6, mas ambos convertem em gols 30% dessas chances. Ambos finalizam 13 vezes por jogo na média, com 42% de taxa de acerto cada. Tudo MUITO parelho.

Claro, o Flamengo marcou 64 gols (média 1,9) e o Grêmio 52 (1,4). Apenas 3 dos gols cariocas foram de fora da área (4,6%). Já o Grêmio marcou 7 (13%). O Flamengo é muito perigoso no setor onde há maior probabilidade de gol, mas o Grêmio é superior na parte externa. O que é um bom recurso contra fortes defesas.

Dando uma olhada no valor esperado de gol (expected goals - xG), a média do Flamengo é 1,8xG e a do Grêmio 1,4xG por jogo. Isso mostra que o time de Jorge Jesus marca MAIS gols do que lhe é esperado e o de Renato Gaúcho marca exatamente o que produz.

Cada finalização rubro-negra tem na média 13% de probabilidade de gol (0,13xG). Já cada finalização tricolor tem 10% de probabilidade de gol (0,10xG). Mas já falei isso antes, né? O Flamengo, na maioria, finaliza de onde é mais fácil fazer gols e, assim, as chances têm probabilidade maior de serem convertidas.

Ataques posicionais que viram finalização? Média de 7 para cada lado. Contra ataques convertidos em finalização? Média de 2 para cada lado. Escanteios que geram finalização? Média de 1 para cada lado. CARAMBA, tudo igual mesmo?!

Defensivamente, não muda muito: ambos têm média de 52% de vitória nas disputas, média de 59% de acerto nos desarmes e média de 42 interceptações cada um.

Ao usar a métrica PPDA (Pass per Defensive Action), que mede intensidade defensiva, encontramos a diferença mais significativa entre as equipes. O Flamengo (1.72) é mais intenso na defesa que o Grêmio (1.87). Quanto MAIOR o valor, MENOS intenso é o time. E talvez, essa diferença seja um detalhe significativo na hora H: a intensidade na pressão. A ser observado!

Sâo tantos os fatores aleatórios que influenciam um jogo de futebol que seria muito raso projetar uma partida apenas em base às estatísticas dos times. Ainda mais em mata-mata valendo vaga na final da Libertadores!

A real é que serão duas ENORMES partidas de futebol, com grandes jogadores e dois treinadores calejados para o momento. Passará quem errar menos, e isso, não há número que possa prever.

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