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Gustavo Fogaça: Odair Hellmann e o time mais competitivo do Brasil

Odair Hellmann completa 20 meses no comando do Internacional - Pérsio Ciulla | TXT Sports
Odair Hellmann completa 20 meses no comando do Internacional Imagem: Pérsio Ciulla | TXT Sports
Gustavo Fogaça

08/08/2019 20h15

A vitória do Internacional sobre o Cruzeiro no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil foi a primeira do Colorado fora de casa no torneio, desde 1992. Só por isso, já seria histórica. Mas é preciso olhar além do resultado para entender como Odair Hellmann conseguiu criar o time mais competitivo do país.

Após garantir o acesso à Série A em 2017, Odair foi efetivado como treinador do Internacional aos 40 anos de idade. Mesmo tão jovem, já havia sido auxiliar de 14 treinadores na carreira. Estava preparado para o desafio.

Em seu primeiro ano, Odair montou um modelo de jogo focado em não perder partidas. Vindo de uma Série B, o Internacional tinha em Rodrigo Dourado e Leandro Damião as figuras mais importantes: roubar a bola e espichar bolas longas buscando o centroavante de referência. Não havia muita construção associativa.

Na média em 2018 (44 jogos - fora estadual) o Inter acertou 77% das ações nas partidas, 84% dos passes e com 52% de posse de bola. Na parte ofensiva, realizou em média 12 finalizações por jogo, acertando 4 e errando 8. Criou 6 chances (24% de conversão) e marcou 1,3 gol por partida.

Interessante é que se pegarmos a média de gols esperados (xG) do Inter nessas partidas, temos que o time de Odair construiu para marcar 1,5 gol por jogo. Ou seja, o Colorado marcou MENOS gols do que dele se esperava. E, na média, cada finalização tinha 12% de probabilidade de gol.

Defensivamente, tinha a média de 56% de acerto nos desarmes, 51% de vitória nas disputas aéreas e um índice de intensidade defensiva (PPDA) de 1,80. Este índice mostra o poder de pressionar e recuperar a bola pós perda, e quanto MENOR o valor, mais intenso é o time defensivamente.

Internacional sofreu 0,7 gol com 1,1 xGA (gol esperado contra) por jogo na média. Ou seja: o time sofreu MENOS gols do que dele se esperava. Era um time muito eficiente defensivamente. E conseguiu assim ficar em 3º lugar no Brasileirão e classificar para a Libertadores.

Pulando para agosto de 2019, em 25 partidas (sem contar estadual) entre Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores, nota-se uma evolução no modelo de jogo colorado. Apesar da média de posse seguir em 52%, time agora acerta 80% das ações e 85% dos passes na média por partida.

Finaliza mais (13, sendo 5 certas), cria menos chances por partida mas com maior taxa de conversão em gols (5 com 27%) e subiu a média de gols marcados de 1,3 para 1,4. Mais interessante é que os gols esperados (xG) caíram de 1,5 para 1,3 por partida.

Isso quer dizer que Inter marca MAIS gols do que dele se espera e é mais EFICIENTE no aproveitamento das chances em relação ao ano passado. Ofensivamente, o time teve uma evolução comprovada pelos números.

Defensivamente, subiu o acerto nos desarmes para 59%, das disputas aéreas para 53% e o PPDA para 1,89, sofrendo 0,8 gol e 1,1 xGA na média. Isso mostra que, mesmo que o time seja menos intenso que antes, termina sendo MAIS EFICIENTE nas disputas e roubadas de bola do que em 2018. Além de seguir sofrendo menos gols do que se espera.

Odair Hellmann pode não vencer nenhum dos títulos que hoje disputa - e o torcedor pode reclamar das suas escolhas -, mas uma coisa é incontestável: ele NUNCA vai para uma partida sem ideias coletivas e estratégias de jogo que valorizem as características do seu elenco. Até pode não dar certo o planejado, mas é um treinador estudioso e que não peca por omissão. E isso reflete em um Internacional bem organizado e muito competitivo.

Os números são da plataforma InStat.

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