Topo

Coluna

Campo Livre


Campo Livre

Zaidan: O que esperar das quartas de final da Copa América

Thiago Calil/Agif
Imagem: Thiago Calil/Agif

27/06/2019 04h00

Quartas de final da Copa América, e eis o inusitado, o inédito, o estranho: tratamos o embate entre Argentina e Venezuela com cautela incomum. Nada de "Argentina só vai cumprir tabela", ou "Nem é preciso ter jogo, porque a Argentina já ganhou".

Ainda que os argentinos vençam com facilidade e vasta diferença de gols, ninguém ousará, depois do jogo, escrever a "Crônica da goleada anunciada". Por ter Messi, a Argentina é favorita. Claro, tem também Aguero, que é muito superior a qualquer dos atacantes venezuelanos. De resto, não há diferença significativa entre os dois times, até porque Di Maria está longe do que jogou até há dois ou três anos.

Se a Venezuela se classificar, é certo que não haverá um surto de admiração e surpresa. Na primeira fase da Copa América, os venezuelanos não foram derrotados; aliás, empatarem com o Brasil foi o que fez a diferença na disputa com o Peru pelo segundo lugar no grupo. Dudamel armou um time que se defende bem e, com Herrera e Rincón, tem um meio-campo de qualidade. Falta melhorar o ataque, o que inclui aproveitar com eficiência as características do artilheiro Rondón.

Na Argentina, o problema crônico do time, percebido desde o classificatório para a Copa de 18, é que defesa e meio-campo não funcionam bem; assim, marcação e armação são ruins. Jogo após jogo, Messi tem de resolver as coisas. Lautaro e, principalmente, Aguero podem ajudar.

Brasil e Uruguai favoritos

Existe menos desconfiança quanto ao favoritismo de Brasil e Uruguai. Nos tempos recentes, a seleção brasileira tem tido problemas em seus confrontos com o Paraguai, incluindo duas eliminações em Copa América (2011 e 2015). No jogo desta quinta, porém, são notórias as vantagens do Brasil: joga em Porto Alegre, tem mais time que o Paraguai, ainda não sofreu gols na competição e vem de uma vitória folgada. Aliás, a goleada contra os peruanos substitui, pelo menos por enquanto, a impressão deixada por aquele zero a zero com a Venezuela.

Os paraguaios conseguiram apenas dois pontos na primeira fase. O empate com o Qatar, na primeira rodada, chamou a atenção principalmente porque o time não mostrou sua tradicional competência defensiva; vencia por dois a zero, mas cedeu. Gustavo Gómez não jogou, o que faz muita diferença. Imaginava-se que, nas partidas seguintes, Berizzo formaria sua zaga com Gómez e Balbuena; o treinador, no entanto, escalou Junior Alonso ao lado de Gómez, e Balbuena foi para o banco. O melhor jogo do Paraguai em seu grupo foi contra a Argentina, até porque seu meia mais talentoso, Miguel Almirón, esteve muito bem. Almirón não é bom finalizador, mas sua habilidade o levou para o Newcastle e, segundo a imprensa espanhola, pode levá-lo para o Real Madrid.

Depois do empate com a Argentina, os paraguaios perderam para a Colômbia, que, já classificada, foi para o campo com muitos reservas. Enfim, o time de Eduardo Berizzo jogou quase nada na primeira fase. Agora, resta ao Paraguai tentar recuperar sua histórica capacidade de ser uma "encrenca" para o Brasil, como costuma ser também para uruguaios e argentinos.

A seleção peruana é outra que precisa jogar mais bola. A alternativa é arrumar as malas. Sob o comando de Gareca, o time foi bem no classificatório para o Mundial na Rússia; assim, esperava-se mais nesta Copa América. A goleada sofrida no jogo contra o Brasil e a contusão de Farfán reduzem drasticamente a expectativa de ir às semifinais, ainda mais disputando vaga com o Uruguai. É fato que Tabárez também tem seus problemas.

A substituição de Vecino não foi grande desafio, mas o treinador se inquieta com a possibilidade de que Laxalt não se recupere. O que mais preocupa Tabárez, contudo, é o risco de perder Suárez ou Cavani. Com os dois juntos, o Uruguai geralmente vai bem; quando perdeu um deles, a Celeste ficou pelo caminho.

Confronto mais equilibrado

O festival de palpites sobre as quartas de final da Copa América tem uma quase unanimidade: não há favorito no confronto entre Colômbia e Chile. Os colombianos foram os únicos que faturaram nove pontos na primeira fase: ganharam da Argentina, do Qatar e do Paraguai; e nem sequer tomaram gols. Parece que o recém-chegado Carlos Queiroz já conseguiu melhorar muito a marcação do time, além de saber utilizar as qualidades e características de James Rodríguez.

Por sua vez, Reinaldo Rueda sabe que o objetivo irremovível de seu trabalho é, em 22, levar o Chile para o Qatar; afinal, depois de vencer a Copa América em 2015 e em 2016, o time não conseguiu vaga no Mundial de 18. Como a imprensa chilena começou cedo a cobrar Rueda, o treinador sabe que só uma boa campanha nesta Copa América lhe dará algum sossego para trabalhar. Situação parecida com a de Tite. A diferença é que, no caso do treinador brasileiro, uma boa campanha só será reconhecida se estiver acompanhada do troféu.

Campo Livre