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Bala na Cesta

Médico, ex-jogador Marcel defende isolamento, mas alerta pra caos econômico

Marcel de Souza - Arquivo pessoal
Marcel de Souza Imagem: Arquivo pessoal

02/04/2020 06h01

Um dos principais nomes da história do basquete brasileiro, Marcel de Souza, medalhista de bronze no Mundial de 1978 e campeão pan-americano em 1987, também está na batalha contra a pandemia do coronavírus. Craque com a camisa da seleção e de seus clubes, Marcel é médico e tem vivido dias agitados em Jundiaí, interior de São Paulo, onde mora e trabalha como ultrassonografista.

"Trabalho na região de Jundiaí e não parei devido a minha função. Estou trabalhando normalmente em todos os lugares, mas obviamente a forma se modificou muito. Preciso tomar muito cuidado para não pegar (o COVID-19) e também para não passar. Luvas, aventais, passar álcool na mesa toda, máscara especial, limpar o aparelho a cada minuto, essas coisas. Isso tudo muda a rotina do ponto de vista técnico. Além, claro, do lado emocional. Com o lance da quarentena o número de exames diminuiu de, sei lá, 80 por dia para 20. As pessoas acabam adiando seus planos, o que é óbvio, mas há pacientes com necessidades emergenciais", afirmou ao blog nesta quarta-feira.

Marcel, de 63 anos (grupo de risco devido a idade), também tem recomendações a fazer à população a respeito do coronavírus e da forma como deve-se lidar com ele.

"É dia após dia, não tem muito como fugir disso. Muito cuidado, atenção e isolamento social. Hoje, por exemplo, posso te dizer: a região de Jundiaí fez uma quarentena incrível. Isolou e em menos de uma semana fechou absolutamente tudo. A região tem 12 mortes no período, mas nenhuma confirmada como sendo do coronavírus - isso com uma população de 1 milhão de habitantes. A gente esperava que nesta semana fosse o caos, mas não tem sido assim. Ainda bem. A instrução é esta mesmo: isolamento total para que o vírus não se alastre", recomenda.

O ex-jogador, por fim, alerta para um fenômeno consequente do coronavírus - o lado econômico que o COVID-19 acaba gerando como bola de neve.

"Em primeiro lugar a saúde. Sempre. Em segundo lugar a saúde também. Depois, a saúde. Mas, por outro lado, é importante pensar que estamos, como um todo, chegando ao limite econômico. Todo dia está mudando, todo dia é uma novidade, mas o fato é que o dinheiro não está circulando, a economia está parada. Isso as pessoas começam a falar sobre isso. No consultório me perguntam, demonstram preocupação e eu não consigo responder com clareza o que deve ser feito. Não sei exatamente qual a melhor solução, qual a melhor maneira de entender esse fenômeno, mas a população brasileira vai sofrer muito com os efeitos econômicos causados por este vírus", pondera.