Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo não está pronto para o desconforto, inclusive com a arbitragem

Felipe Melo e David Luiz discutem durante Flamengo x Fluminense no Maracanã - Sergio Moraes/Reuters
Felipe Melo e David Luiz discutem durante Flamengo x Fluminense no Maracanã Imagem: Sergio Moraes/Reuters

Colunista do UOL Esporte

19/09/2022 08h02

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não houve pênalti sobre Gérman Cano. Nem de Léo Pereira, nem de Santos. Assim como o toque de Manoel em Gabigol na disputa por espaço não teve intensidade para que fosse marcada a penalidade máxima.

Mas erros de arbitragem, e a comandada por Raphael Claus foi péssima no Maracanã, acontecem no futebol e precisam ser contornadas por um time que se propõe a ser vencedor.

O Flamengo tem falhado em jogos com caráter decisivo. Este foi encarado assim pelo Fluminense, mais uma vez. Por mais que a campanha na temporada seja digna, ao menos em âmbito nacional, no Fla-Flu a entrega e a concentração do Tricolor são diferentes. Até na derrota por 2 a 1 no turno, que foi o "clássico do mundo invertido: Hugo e Andreas Pereira como destaques e o Flu saindo na frente, mas tomando a virada.

Fabio, que falhou no gol de Renato Augusto na quinta, fechou o gol, venceu o duelo com Arrascaeta, que finalizou seis vezes e não conseguiu ir às redes. O goleiro veterano só falhou na disputa pelo alto com Everton Cebolinha, que deu assistência para Gabi marcar o único gol rubro-negro.

Gérman Cano, de atuação apagadíssima na Neo Química Arena, lutou, driblou, participou muito mais do que de costume e foi um dos melhores em campo. Desgaste físico e emocional pela eliminação na Copa do Brasil? Não contra o maior rival.

E o Flamengo novamente pareceu não ter a dimensão do que significa para o oponente e fez um jogo comum. Ou ruim, resgatando problemas que vinham adormecidos, como as falhas de Rodinei, mal posicionado nos gols, e as chances claras desperdiçadas, como as de Arrascaeta e João Gomes no primeiro tempo e Victor Hugo, na reta final.

Ainda o destempero e a afobação diante de um árbitro ruim e de um placar adverso. Foi assim contra o Ceará, quando, com mais titulares em campo e a expulsão de Jô, teve quase 30 minutos para concatenar uma jogada e não conseguiu virar, depois do empate no gol meio aleatório de Gabi. Cenário parecido na Serrinha contra o Goiás e mais dois pontos perdidos.

Serve de alerta para as decisões que se aproximam. Se as classificações contra Tolima, Corinthians, Vélez Sarsfield e São Paulo foram conduzidas com tranquilidade desde a vitória fora de casa, e a superioridade no confronto com o Athletico, mesmo com apenas 1 a 0 no agregado, foi clara, nas finais pode ser bem diferente.

E o time recheado de jogadores veteranos, com rodagem na Europa, age com ingenuidade assustadora quando o adversário parte para uma disputa mais brigada, discutida e pressionando a arbitragem. Há maior ingenuidade do que entrar em uma briga generalizada logo depois de marcar o gol que poderia iniciar a reação? Ainda perdeu Marinho e Cebolinha, expulsos, para o jogo com o Fortaleza, no qual já teria que conviver com seis desfalques pela data FIFA.

Ainda o vacilo no segundo gol, com Pedro entregando a bola para Ganso bater rapidamente a falta e a defesa bater cabeça até o cruzamento de Martinelli e o gol de Nathan. Haja inocência...

Corinthians e Athletico não vão dar nada de graça nas finais. Assim como o Fluminense joga com concentração máxima no Fla-Flu. Cabe a Dorival e seus comandados trabalharem corpos e mentes para não acumularem mais dois vices na longa lista recente dos rubro-negros.

É preciso estar pronto para o desconforto, inclusive com a arbitragem.