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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo vira favorito na Copa do Brasil. Time misto contra o Palmeiras?

Colunista do UOL Esporte

18/08/2022 07h22

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O plano de Felipão na Arena da Baixada era simples: intimidar os talentos do Flamengo com entradas duras e tentar abrir o placar antes dos 20 minutos, explorando, com Abner e Terans, as fragilidades defensivas de Rodinei e ausências de David Luiz e Thiago Maia na proteção do lateral rubro-negro pela direita.

O Flamengo sofreu um pouco para ajustar a dinâmica do meio-campo, com João Gomes mais fixo na proteção e Arturo Vidal pela esquerda, mas aos poucos foi fugindo das pancadas e criando espaços. Com Rodinei passando a aproveitar os buracos às costas de Abner que não eram bem cobertos por Matheus Felipe, o zagueiro pela esquerda do 3-4-1-2 athleticano.

Segundo tempo de serenidade dos visitantes, no ritmo de Vidal, com Fabrício Bruno perfeito na cobertura de Rodinei e muitas brechas às costas dos volantes Hugo Moura e Erick. Mesmo sem uma noite tão inspirada de Everton Ribeiro e Arrascaeta, o Flamengo dominou até o golaço espetacular de Pedro, que poderia ter consagrado de vez sua bela atuação com um domínio à la Zico contra o Paraguai nas eliminatórias de 1985 e assistência para Gabigol, mas o camisa nove, displicente, perdeu um gol que não tem o direito, como estrela e ídolo, de desperdiçar.

Poderia ter evitado a bola rondando a área do Fla nos últimos minutos, ainda que sem nenhuma criatividade do Athletico que compete, mas tem muita qualidade subaproveitada. É até triste ver Fernandinho, depois de anos no Manchester City, ter que se limitar a um jogo direto e truculento demais.

No final, justiça aos 63% de posse de bola e 13 finalizações contra dez, porém sete a um no alvo e nem tanto trabalho para o goleiro Santos, como era esperado. Bento participou bem mais, evitando gols de Arrascaeta e Gabigol. Impressionante o número de faltas na partida: 18 do Athletico, o triplo do adversário. O time de Felipão não merecia mesmo seguir vivo em três frentes.

Agora só o Flamengo permanece com chances nas três principais competições da temporada. E na Copa do Brasil, sem Palmeiras e Atlético Mineiro, vira o grande favorito ao título. Nem é preciso dizer o óbvio: favoritismo não é garantia de sucesso e a semifinal não será fácil, contra São Paulo ou América. O mando de campo, que será definido na sexta, terá um peso importante.

Seja como for, Dorival Júnior deve pensar com carinho na hipótese de um time misto no Allianz Parque contra o Palmeiras. As copas aparecem como ladeiras menos íngremes. Faltam quatro partidas (ou duas certas e duas hipotéticas) na Copa do Brasil e apenas três na Libertadores - ida e volta contra o Vélez e, se passar, a final inicialmente marcada para Guayaquil.

No Brasileiro a tarefa é pesada, muito pelo passivo de pontos da Era Paulo Sousa. Por isso não vale estourar os titulares com duas decisões em gramas sintéticas. Melhor seguir o planejamento. Talvez os reservas com Santos no gol, David Luiz na zaga, Thiago Maia no meio e Pedro na frente.

Sem a maioria dos titulares é possível tirar um pouco do peso da partida e deixar o Palmeiras desconfortável com a obrigação de atacar e se impor diante de um time misto do rival nacional. Por mais pragmático que Abel Ferreira seja, difícil imaginar o líder absoluto nos pontos corridos especulando e se contentando com o empate em seus domínios neste contexto. Com espaços, o time B "vitaminado" dos rubro-negros pode até surpreender.

Até porque os titulares precisam mesmo de um tempo para curar as feridas da "batalha" de Curitiba.

(Estatísticas: SofaScore)