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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Empate com Boca mostra que Vítor Pereira sempre teve razão no Corinthians

Róger Guedes desperdiçou cobrança de pênalti, na partida entre Corinthians e Boca Juniors - RENATO GIZZI/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Róger Guedes desperdiçou cobrança de pênalti, na partida entre Corinthians e Boca Juniors Imagem: RENATO GIZZI/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

29/06/2022 06h37

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Escalação inicial com sete jogadores formados na base do clube, para suprir as muitas ausências por lesões e suspensões. Seis jovens, ou "miúdos". Cuidados defensivos, mesmo em casa, para seguir competitivo em todas as competições. E as críticas públicas a um atacante que deveria ser decisivo, mas oscila e vacila.

O empate sem gols com o Boca Juniors na Neo Química Arena, pela ida das oitavas da Libertadores, mostra que o treinador Vítor Pereira teve boas razões na grande maioria de suas decisões desde que chegou ao Corinthians.

Não fosse o "rodízio", os mais jovens não teriam a rodagem e a cancha para encarar jogo difícil, contra um Boca que demonstrou clara evolução em desempenho desde a derrota por 2 a 0 no mesmo estádio, pela fase de grupos. Conquistou a Copa da Liga e o treinador Sebastián Battaglia ganhou paz pra trabalhar.

No habitual 4-1-4-1, com o "polêmico", mas perigoso Villa como principal válvula de escape pela esquerda, obrigou Vítor Pereira a transformar Fagner em terceiro zagueiro dentro de uma linha de cinco, com Mantuan fazendo a ala e se juntando a Adson contra Sandez, que só tinha o apoio de Óscar Romero no setor.

Os donos da casa se fechavam, sim, em um 5-4-1, mas não deixaram de buscar o jogo. Esbarrando nas limitações naturais de um elenco com lacunas, que foi buscar Yuri Alberto, de volta da Rússia, para ser peça decisiva no ataque.

Porque simplesmente não dá para confiar em Roger Guedes. De novo uma partida dispersa, até com alguma mobilidade tentando alternar com Willian à esquerda e por dentro, mas deixando de definir no momento mais favorável de um primeiro tempo com 59% de posse e cinco finalizações a três. Cobrou mal o pênalti e Rossi defendeu. Foi a grande chance de abrir vantagem em Itaquera.

Tudo se complicou na segunda etapa, sem Fagner, lesionado, fazendo entrar Bruno Méndez, que voltou recentemente ao clube do Internacional, mantendo a formação atrás com João Victor e Raul Gustavo. Roni e Giuliano sentiram o desgastante trabalho de ida e volta no meio e, para complicar, Willian deslocou o ombro direito e jogou os últimos minutos no sacrifício, até não aguentar mais e dar lugar a Fabio Santos.

Aliás, o Corinthians teve um outro pênalti, sobre Adson. Mas querer duas penalidades máximas sobre o Boca, mesmo em casa, considerando o histórico da Conmebol, seria demais. Menos mal que, com o crescimento do time xeneize no segundo tempo, igualando a posse de bola e finalizando quatro vezes, duas no alvo, Cássio apareceu com boas intervenções. Foram quatro defesas do experiente goleiro em 90 minutos, incluindo milagre em chute de Benedetto.

O favoritismo recai naturalmente sobre o Boca na Bombonera precisando de vitória simples. Mas o Corinthians, que tem a missão de acelerar recuperações em uma semana, já mostrou com as soluções do treinador português, que pode ser competitivo em qualquer cenário. Até para tentar novo empate, como fez no 1 a 1 na fase anterior, e contar novamente com o inesgotável Cássio nos pênaltis.

Todos sabiam que seria duro lutar nas três frentes. Incluindo Vítor Pereira, que sempre esteve certo, apesar das cornetas de quem não compreende o contexto complicado de um trabalho sem pré-temporada e elenco desigual e que se despedaça, mesmo com todos os cuidados da comissão técnica. Imagina o que restaria sem o criticado rodízio?

Apesar de tudo, o Corinthians segue respirando.

(Estatísticas: SofaScore)