Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Marcos Leonardo é mais um "raio" desse fenômeno chamado Santos

Com assistência de Ângelo e gol de Marcos Leonardo, o Santos venceu de virada o Juventude, em Caxias do Sul - RAUL PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Com assistência de Ângelo e gol de Marcos Leonardo, o Santos venceu de virada o Juventude, em Caxias do Sul Imagem: RAUL PEREIRA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

15/06/2022 08h44

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Marcos Leonardo fez uma falta enorme ao Santos nos empates com Internacional e Atlético Mineiro. Estava a serviço da seleção sub-20 no Torneio Internacional de Cariacica, etapa de preparação para o Sul-Americano da categoria.

Marcou quatro gols nos 7 a 0 sobre o Uruguai que valeu o título da competição, saindo do banco depois de cumprir suspensão e substituir Caio, lesionado com 11 minutos de jogo. Acabou artilheiro do torneio.

Talvez fosse desnecessária a presença do atacante na equipe de Ramon Menezes neste momento, mas o Santos tem tradição e até orgulho de servir as seleções, em qualquer categoria. Questionável dentro do contexto da CBF e seu calendário insano e sem um mínimo respeito pelos clubes, mas uma cultura que deve ser compreendida.

O camisa nove voltou à equipe de Fabián Bustos, também iniciando na reserva, e entrou na segunda etapa para marcar o gol da virada por 2 a 1 sobre o Juventude em Caxias do Sul, que encerrou sequência de sete partidas sem vitória do time, chegando aos 17 pontos e não se desgarrando do pelotão da frente no Brasileiro.

Marcos Leonardo tem 19 anos, mas é outro "raio" que cai nesse fenômeno chamado Santos Futebol Clube. Que merece sempre a reverência pela capacidade de ceder joias ao futebol brasileiro e de se manter competitivo, mesmo com crises políticas e financeiras, mantendo-se na Série A até na baixa de um clube sem faturamento entre os maiores do país. Dos poucos que nunca caiu.

Aliás, se observarmos o que o time da Baixada Santista deveria ser, em termos de relevância no futebol brasileiro, e onde chegou não é absurdo dizer que é o maior do país. Por fazer tanto com bem menos que rivais mais poderosos, inclusive dentro de São Paulo.

Retorno técnico, de títulos e financeiro, quase sempre com os jovens da base. Em 2002, o incrível caso do time de meninos comandado por Emerson Leão, que lutaria para não cair, se classificou na bacia das almas, em oitavo na primeira fase, na última edição de mata-mata do Brasileiro, para atropelar os favoritos São Paulo e Corinthians e faturar a taça. Com festa para Robinho, Diego, Renato, Elano e outros garotos que o país descobriria ali e logo estariam com a camisa da seleção e em grandes times da Europa.

Para não falar de Pelé, Neymar e outros da primeiríssima prateleira do futebol nacional. Tricampeão da América, oito títulos brasileiros com a unificação e o reconhecimento das conquistas dos anos 1960. Mais 22 paulistas, rivalizando com gigantes da capital, sempre mais abastados.

Sempre mais forte apostando na base. Agora em Marcos Leonardo, que já tem seis gols no Brasileiro. Ainda sonhando com a explosão do talentoso Ângelo, de 17 anos, que pulou etapas na base e agora sofre, até fisicamente, para se adequar ao profissional. Mas serviu a assistência para o gol da vitória em Caxias.

Sem pressa, nem tanta pressão quanto em times com maiores torcidas e visibilidade. Talvez seja o segredo para não queimar os maiores talentos no processo de transição, o mais complicado neste esporte, em qualquer parte do mundo. Clube grande, camisa pesada, mas o ambiente nunca foi de cobrança insana por vitórias e títulos.

Marcos Leonardo é mais um produto de qualidade comprovada. Na seleção de base e no profissional do alvinegro praiano. Desfrutemos de seu talento de atacante moderno - móvel, rápido e finalizador - enquanto está por aqui. Hoje dá retorno no campo, muito em breve será mais um a reabastecer os cofres. Para investimento em contratações para o elenco profissional, mas também na fonte histórica do sucesso do Santos.

É para "pagar pau" mesmo. Sempre.