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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Destaques da garotada na estreia não suprem carências do Flamengo

Lázaro em ação pelo Flamengo diante da Portuguesa-RJ - Jorge Rodrigues/AGIF
Lázaro em ação pelo Flamengo diante da Portuguesa-RJ Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Colunista do UOL Esporte

27/01/2022 08h06

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O Flamengo ainda não foi ao mercado para contratar na temporada 2022. Enxugou o elenco e negociou Michael com o Al Hilal por uma oportunidade única de recuperar o investimento feito em 2020. Certamente com aval do novo treinador, Paulo Sousa.

Há carências nítidas: goleiro que jogue com os pés melhor do que Hugo Souza e com mais regularidade física que Diego Alves; um ou dois zagueiros, diante da saída de Bruno Viana e dos muitos problemas médicos de Rodrigo Caio.

Ainda um meia ou ponta canhoto que faça a ala pela esquerda, considerando que Filipe Luís deve atuar mais fixo como uma espécie de terceiro defensor quando o time estiver com a bola e alguém precisa dar amplitude e profundidade pelo setor. Pode ser Bruno Henrique, mas seria um desperdício mantê-lo tão aberto, sem aparecer tanto na área adversária.

Sem contar o reserva de Arrascaeta, que poderia ser Everton Ribeiro, mas parece que até o fim da temporada ambos serão ausências ao mesmo tempo, a serviço das seleções uruguaia e brasileira sempre que houver uma data FIFA.

Diante da imobilidade rubro-negra para buscar reforços, imaginava-se que os jovens vindo da base poderiam suprir essas necessidades do elenco principal. Mas a estreia da garotada no Carioca, apesar da vitória por 2 a 1 sobre a Portuguesa na Ilha do Governador e alguns bons momentos, individuais e coletivos, reforçaram a necessidade de ir ao mercado.

Porque os grandes destaques foram atletas com características e executando funções que Paulo Sousa já tem peças com qualidade comprovada entre os "adultos".

Lázaro marcou os dois gols, um de pênalti, e foi o grande nome da estreia. Enfim uma boa atuação de uma grande promessa. Atuando a partir do lado direito em um 4-3-3/4-1-4-1, mas circulando por todos os setores e deixando o corredor para o lateral Wesley - bom no apoio, nem tanto defensivamente. Movimentos que lembram os de Everton Ribeiro, embora o jovem seja destro e o veterano, canhoto.

Já André, que sofreu o pênalti no primeiro gol e chamou atenção pelas arrancadas difíceis de serem paradas, é jogador que ataca a última linha do adversário. Por dentro, pelo lado ou infiltrando em diagonal. O mesmo que Gabigol e Bruno Henrique. Ou seja, seria apenas um bom reserva.

Por fim, o goleiro Matheus Cunha, que salvou a equipe com duas boas defesas, uma em cada tempo, mostrou qualidades em sua função "básica", mas sérias limitações nas reposições e saídas de bola. Poucos recursos para jogar com os pés, problema que parece crônico na base rubro-negra.

Gabriel Noga foi uma decepção, considerando que é um zagueiro de 20 anos com mais minutos entre os profissionais que Cleiton, dois anos mais jovem. Ambos falhando no jogo aéreo, assim como Gustavo Henrique e Léo Pereira, e apelando demais para ligações diretas quando pressionados.

Marcos Paulo, o lateral pela esquerda, é canhoto e foi até bem, mas não apresentou as valências para cumprir a função específica de ala. Precisaria de mais agilidade e intensidade para ocupar o corredor inteiro. Thiaguinho, que jogou aberto pelo setor como ponta, tem um estilo mais "aleatório", às vezes lembrando MIchael na capacidade de alternar boas decisões e erros bizarros. Não parece ter capacidade para atender essa demanda.

No meio-campo, a joia Matheus França mostrou que ainda precisa amadurecer para demonstrar todo o potencial entre os profissionais. Até pelo posicionamento mais recuado, por vezes atrás do companheiro Yuri de Oliveira na articulação, longe da área adversária. Acabou sacrificado pelo grande erro do treinador Fábio Matias na montagem da equipe que ainda vai cumprir mais dois jogos, contra Volta Redonda e Boavista, antes de entregar o bastão para os titulares no estadual.

Duas oportunidades para mostrarem mais que na estreia e provarem que podem ser úteis para Paulo Sousa. Fundamental para que o trabalho da base ganhe real sentido, com os mais jovens, do sub-17, por exemplo, tendo referências no elenco principal e o sonho juvenil seja de servir o time em grandes jogos e campeonatos e não apenas ser vendido precocemente.

Já está claro, porém, que a direção precisa se mexer e contratar. Sem pressa, até porque o primeiro semestre não apresenta os maiores desafios da temporada. Mas as lacunas estão lá, escancaradas e "gritando" por soluções.