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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Real Madrid sobra na Espanha e Tite deve mais duas a Ancelotti

Rodrygo, Vinicius Junior e Militão comemoram gol do Real Madrid contra a Real Sociedad pelo Campeonato Espanhol - Vincent West/Reuters
Rodrygo, Vinicius Junior e Militão comemoram gol do Real Madrid contra a Real Sociedad pelo Campeonato Espanhol Imagem: Vincent West/Reuters

Colunista do UOL Esporte

05/12/2021 08h31

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Oito pontos sobre o Sevilla, segundo colocado. Dez de vantagem sobre o atual campeão Atlético de Madri e 16 acima do maior rival Barcelona. Mesmo com um jogo a mais em 16 rodadas, o Real Madrid vive um cenário de sonhos na liga espanhola.

O futebol nem é encantador, o time merengue não arrasa os adversários. Mas o ataque mais positivo, com 37 gols, vai fazendo a diferença. Especialmente os dois artilheiros do campeonato: Benzema com doze e Vinicius Júnior, que foi às redes dez vezes.

Doze na temporada, mais cinco assistências. Abriu o placar nos 2 a 0 fora de casa sobre a Real Sociedad e novamente desequilibrou. Arrancando a partir da esquerda, driblando e tomando melhores decisões. Perdeu chance clara no final em contragolpe arrasador, mas novamente foi o grande destaque.

Com Casemiro, Modric e Kroos retomando a sintonia fina no meio-campo, o único setor do meio para frente sem um titular definido é a ponta direita. Carlo Ancelotti vem alternando Asensio e Rodrygo. O espanhol, canhoto, tende a vir por dentro e circular às costas dos volantes adversários. Já Rodrygo é agressivo, busca as infiltrações em diagonal. O retorno de Carvajal melhora a produção por aquele lado.

O Real Madrid é o time que mais finaliza na liga, com média de 16 por jogo. Também é a que mais acerta passes (88,7%), embora esteja atrás de Barcelona, Sevilla e Villareal na posse. Típico da objetividade do técnico italiano, que nunca foi um grande adepto do dominio dos jogos pelo controle da bola.

Na defesa, Courtois vive novamente grande momento, garantindo a equipe em contextos complicados. Mas há outro grande destaque: Éder Militão. Ganhou espaço com as saídas de Varane e Sergio Ramos e evolui a cada jogo, na parceria com Alaba. Depois de Vinicius Júnior, foi o melhor em campo no triunfo no Estádio Anoeta. Inclusive acertando lançamento primoroso para o atacante compatriota desperdiçar à frente do goleiro Remiro.

Militão e Vini Jr. são ótimas soluções desenvolvidas por Ancelotti e Tite agradece. O treinador da seleção brasileira, que foi a Madrid em 2014, no ano "sabático" dedicado a viagens e observações com o objetivo de evoluir o modelo de jogo, para ver de perto a execução do 4-1-4-1/4-3-3 da equipe que venceria "La Decima" na Liga dos Campeões.

Variando para o 4-4-2 com o recuo de Bale à direita e Di María abrindo pela esquerda, tudo para dar liberdade a Cristiano Ronaldo formando dupla de ataque com Benzema e azeitando a máquina de gols que ganharia a Europa naquela temporada.

Tite aplicou o sistema e alguns conceitos no Corinthians campeão brasileiro de 2015 e também na seleção. Agora deve mais duas ao técnico italiano: Militão, aos 23 anos, é certeza de rejuvenescimento na zaga que conta com Marquinhos (27) e Thiago Silva (37). E Vinicius Júnior se apresenta como opção para a ausência de Neymar, novamente lesionado. Trazendo Paquetá para o meio, como na boa atuação no empate sem gols contra a Argentina.

Ou mesmo como titular, com o camisa dez brasileiro por dentro. Mas sem sacrificar tanto Vinicius sem bola. O atacante precisa ser a referência de velocidade nas transições ofensivas. Como faz Ancelotti no Real. Novamente uma referência para Tite e a liderança serena que coloca o time de Madri no topo de La Liga e forte também na Champions.

(Estatísticas: Whoscored.com)