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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

André Rocha: Flamengo deve esperar ou esquecer Jorge Jesus

Jorge Jesus, técnico do Benfica, durante jogo contra o Barcelona pela Champions League - Nacho Doce/Reuters
Jorge Jesus, técnico do Benfica, durante jogo contra o Barcelona pela Champions League Imagem: Nacho Doce/Reuters

Colunista do UOL Esporte

04/12/2021 08h23

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No empate por 1 a 1 em Recife contra o Sport, um Flamengo muito desfalcado voltou a repetir velhos erros que vêm desde a temporada passada: chances claras perdidas, especialmente por Michael na primeira etapa.

Ainda momentos de dispersão e um certo desleixo que concede oportunidades ao adversário dominado - como a falha bizarra de Matheuzinho no gol do time pernambucano, cabeceando para trás procurando Rodrigo Caio, quando o mais simples e correto era tocar para Vitinho mais à frente.

Fica claro que a equipe precisa em 2022 de um treinador que retome a concentração e a intensidade dos tempos de Jorge Jesus. Pode ser o próprio treinador português. Ou deve ser.

Porque o Flamengo vive um "sebastianismo" desde meados de 2020. Tudo de bom que Domènec Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho fizeram foi tratado como "resgate" de 2019. Jesus é um messias que manda recados carinhosos de Lisboa, alimentando o sonho da volta triunfal e colocando pressão no técnico rubro-negro da vez.

Então que ele seja tratado agora como prioridade absoluta. Uma conversa simples e objetiva: pode vir em janeiro? Caso se complique na liga portuguesa, ainda mais depois da derrota por 3 a 1 para o Sporting no Estádio da Luz balançando os lenços brancos que significam despedida, e também na Taça de Portugal e na Liga dos Campeões, seria víável.

Mas caso sobreviva, especialmente na Champions que depende de vitória em casa sobre o Dinamo de Kiev e derrota do Barcelona para o Bayern em Munique, a possibilidade seria só no final do contrato, em junho. Então que o clube brasileiro e o treinador firmem um compromisso, ainda que informal, para a volta no meio do ano.

Até lá, um treinador "tampão", brasileiro mesmo. Não o auxiliar Maurício de Souza, que até ostenta bom retrospecto quando comanda o time principal, mas mostra também suas limitações em início de carreira entre os profissionais. Talvez um Dorival Júnior, com contrato até o final de maio. O risco maior seria a fase de grupos da Libertadores, ainda mais se cair em um "da morte". O sorteio é apenas em março.

Complexo, mas ainda mais difícil será trazer um treinador estrangeiro sem grande estofo e currículo vencedor - Carlos Carvalhal, por exemplo - e, a partir de junho, ele conviver com a sombra de Jorge Jesus livre no mercado. É preciso vislumbrar esse contexto, entendendo a realidade do clube. Se o time não estiver voando, a pressão será gigantesca. O Flamengo poderá perder o mesmo tempo e demitir um profissional que, muito provavelmente, assinará contrato longo com multa rescisória alta. Será que vale a pena?

É claro que um Marcelo Gallardo, com retrospecto histórico no River Plate e grandes conquistas, seria a melhor solução. O argentino teria "costas largas" para suportar um período turbulento e entregar desempenho e resultados. Mas o cenário ainda é muito incerto, com possibilidade de permanência nos "millonarios", pausa para um ano "sabático" ou até ser o substituto de Mauricio Pochettino no PSG.

Questões para pensar e decidir rápido, logo depois da eleição de hoje, sábado (4), que reelegerá Rodolfo Landim. O Flamengo deve esperar ou esquecer Jorge Jesus para a próxima temporada. O português está na história do clube, para muitos é o maior e melhor de todos os tempos, mas ou volta para seguir a história vencedora, ou abre espaço definitivamente para que outro conquiste o amor e a confiança do torcedor. Viver nessa saudade que imobiliza não pode mais ser opção.