Topo

André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Flamengo oscila perigosamente em semana decisiva

Andreas Pereira lamenta chance perdida durante partida do Flamengo diante do Athetico, pela Copa do Brasil - Gabriel Machado/AGIF
Andreas Pereira lamenta chance perdida durante partida do Flamengo diante do Athetico, pela Copa do Brasil Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Colunista do UOL Esporte

21/10/2021 07h58

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O resultado foi bem melhor que o desempenho do Flamengo nos 2 a 2 com o Athletico na Arena da Baixada. Fosse ainda com "gol qualificado", a classificação para a final da Copa do Brasil poderia até estar encaminhada.

Mas a volta no Maracanã será dura, como foi em 2019, com eliminação nos pênaltis, e até na classificação contra o mesmo adversário nas oitavas do mesmo torneio no ano passado. Levando sufoco em Curitiba, salvo pelas defesas de Hugo Souza. Cansando na grama sintética, lição que parece não ter sido aprendida em novo confronto.

Porque o Flamengo teve o jogo na mão depois de abrir o placar com Thiago Maia. O estádio se calou, a instável equipe de Alberto Valentim ficou zonza. Mas faltou "punch" ao time carioca para aumentar a vantagem. Muito porque, novamente, Gabigol saiu demais da zona de conclusão e Andreas Pereira, definitivamente, não rende o seu melhor como meia mais avançado no 4-2-3-1. Muitas vezes o meio-campista fica enfiado como um centroavante, já que o camisa nove circula tanto.

Deu tempo para o Athletico respirar, se reorganizar e definir a jogada aérea como principal arma ofensiva. Ensaiou no final do primeiro tempo, em cabeçada de Erick que Diego Alves defendeu. Virou na volta do intervalo, com Pedro Henrique e Renato Kayzer ganhando no alto do sempre instável Léo Pereira.

Renato Gaúcho perdeu a única opção de velocidade e profundidade ao trocar Michael por Vitinho, já que havia perdido Gabigol, lesionado. Pedro entrou e, ao menos, rondou mais a área adversária e ficou como referência para os cruzamentos. No último, pênalti tolo de Lucas Fasson em Rodrigo Caio que Pedro converteu emulando o centroavante titular, esperando até o último momento a decisão do goleiro Santos.

O Flamengo teve 61% de posse, 84% de eficiência nos passes e finalizou 16 vezes, o dobro do Athletico. Cinco a três no alvo. Mas não jogou bem. De novo, repetindo dificuldades do empate sem gols com o Cuiabá. Muitos erros técnicos, setores espaçados, pouco controle, sem movimentos coletivos para criar brechas na defesa rival. Claro desgaste no segundo tempo, com o oponente se impondo fisicamente.

É claro que as ausências de Bruno Henrique e De Arrascaeta pesariam em qualquer time da América do Sul. A oscilação, porém, veio forte demais em momento decisivo. Para complicar, a goleada do Atlético Mineiro por 4 a 0 sobre o Fortaleza no Mineirão pela outra semifinal criou um dilema no Brasileiro para o atual bicampeão.

Tem Fla-Flu no sábado, depois a decisão da vaga na final do mata-mata nacional na quarta e, três dias depois, uma "final", contra o próprio Galo. Todos os jogos no Maracanã, mas o time não parece ter gás para colocar força máxima nas três partidas. Até porque o Athletico deve utilizar reservas novamente no Brasileiro.

Se poupar no clássico carioca, pode ver o time mineiro, que enfrenta o Cuiabá em casa, aumentar ainda mais a vantagem no topo da tabela. E mandar time misto para Fortaleza, priorizando o confronto direto nos pontos corridos que pode praticamente garantir o título. Enquanto o Flamengo joga a vida contra o Athletico. Com o provável retorno de Bruno Henrique e, talvez, Arrascaeta, que tem mais chances de voltar no outro fim de semana.

Sete dias complicados, em que o elenco será posto à prova e definirá a reta final da temporada. Com ou sem vaga na final da Copa do Brasil, lutando pelo tri brasileiro ou apenas administrando um G-4 e se preparando para a decisão da Libertadores. Para seguir vivo nas três frentes, o Fla vai precisar de seus craques, mas também dos coadjuvantes.

Até porque contar com a força coletiva da equipe de Renato Gaúcho é esperar demais de quem sofre para encontrar soluções nos momentos mais complicados. Em Curitiba, teve mais sorte que juízo para não voltar com derrota.

(Estatísticas: SofaScore)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL