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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: O saldo negativo do Flamengo com as distorções do Brasileiro

Arrascaeta, do Flamengo, arranca com a bola em partida contra o Athletico-PR, pelo Brasileirão - Thiago Ribeiro/AGIF
Arrascaeta, do Flamengo, arranca com a bola em partida contra o Athletico-PR, pelo Brasileirão Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

04/10/2021 06h13

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O Flamengo venceu com facilidade por 3 a 0 o Athletico com apenas três titulares no Maracanã. Placar definido no primeiro tempo, difícil analisar o desempenho pela disparidade entre o atual bicampeão brasileiro com a maioria dos titulares e um time desfigurado.

Por opção do clube paranaense. Desgaste real pela sequência de jogos ou uma tentativa de "esconder o jogo" pensando na semifinal da Copa do Brasil? Provavelmente nunca saberemos. Mas o fato é que um fator externo influenciou na dinâmica da disputa dos pontos corridos.

Aconteceu também no ano passado, quando o time, então comandado por Rogério Ceni, goleou o Santos por 4 a 1, também no Maracanã, com Cuca mandando um time de garotos porque no meio da semana teria o jogo de volta das quartas da Libertadores, contra o Grêmio.

Ocorre no mundo todo, ainda que na Europa, por exemplo, não haja estaduais, nem supervalorização das copas nacionais, como no Brasil, em que times priorizam o torneio por conta da gorda premiação. Pode ocorrer do Manchester City ser derrotado por um Crystal Palace na Premier League porque poupou titulares pensando em um jogo de Liga dos Campeões.

O prejuízo do Flamengo, porém, é bem maior neste aspecto. Mais ainda nesta edição do Brasileiro. Nenhuma equipe do país cede mais titulares às seleções sul-americanas. Isla, Everton Ribeiro, De Arrascaeta e Gabigol.

O Palmeiras perde Weverton, Gustavo Gómez e Piquerez, o Atlético Mineiro fica sem Guilherme Arana e Junior Alonso, já que Vargas não é exatamente um titular absoluto. Mas o atual líder da competição dos pontos corridos já havia manifestado a intenção de não ter os jogos adiados.

A direção rubro-negra contava com a promessa do diretor de seleções da CBF, Juninho Paulista. O acordo, porém, foi quebrado, Tite não teve a hombridade de desconvocar os atletas atuando no Brasil e os jogos acontecerão. Bragantino e Fortaleza fora, Juventude em casa. Na prática, os três adversários enfrentarão o Fla desfalcado na ida e na volta.

No turno, com a equipe ainda comandada por Rogério Ceni, as partidas fizeram parte do "pacote" no período da disputa da Copa América. O Flamengo perdeu de virada para o Bragantino por 3 a 2 no Maracanã, venceu o Fortaleza por 2 a 1 no mesmo estádio, jogo que marcou a despedida de Gerson.

Nova derrota para o Juventude por 1 a 0, em partida que deveria ter sido adiada por conta da forte chuva em Caxias do Sul e os problemas de drenagem no Estádio Alfredo Jaconi que tornaram a disputa inviável. Por mais que se respeite a boa campanha do time gaúcho, não houve jogo naquela manhã de domingo. Ou seja, três pontos perdidos que pesam na balança por todo campeonato.

Agora, novamente o time estará muito desfalcado. Ainda que, desta vez, haja Andreas Pereira como boa nova. O destaque da vitória sobre o Athletico. Melhor posicionado no meio-campo, mais adaptado ao ritmo no Brasil, dominou o meio-campo e participou de dois gols: chute na trave no primeiro, com Everton Ribeiro conferindo no rebote. Contragolpe de manual no segundo, percorrendo quase 90 metros, de área a área, para completar passe de Arrascaeta.

Ganhou a vaga de Diego Ribas ao lado de Willian Arão, em função de mais proteção. Mas pode atuar mais adiantado também neste momento de necessidade. Em um 4-3-3/4-1-4-1, alinhado a Thiago Maia, Diego ou até João Gomes. Ou na mesma função em que atua com o time completo, mas com Vitinho como o meia atrás do centroavante no 4-2-3-1.

O elenco mais encorpado pode manter o time vivo nos pontos corridos, mas a missão não é simples. Vencer é obrigatório diante da consistência do Galo e os desfalques são pesados - com exceção, talvez, de Isla, que tem reposição do mesmo nível, ou até superior, de Matheuzinho.

A "vantagem" é que não há nenhum confronto de mata-mata no período e, portanto, o mais provável é que a mobilização de Renato Gaúcho e seus comandados seja a que o principal campeonato do país merece.

Mesmo assim, o saldo rubro-negro das distorções do Brasileiro 2021 é muito negativo. E ainda tem data FIFA em novembro...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL