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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Fortaleza lembra na hora certa que é um dos melhores times do país

Rigoni acompanha Lucas Crispim no jogo entre Fortaleza e São Paulo - Kely Pereira/AGIF
Rigoni acompanha Lucas Crispim no jogo entre Fortaleza e São Paulo Imagem: Kely Pereira/AGIF

Colunista do UOL Esporte

16/09/2021 08h14

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O Fortaleza não vencia desde a sua, talvez, maior demonstração de força na temporada: os 3 a 2 sobre o Palmeiras, com um jogador a menos, no Allianz Parque. Seis jogos, incluindo os 2 a 2 com o São Paulo no Morumbi, pela ida das quartas da Copa do Brasil.

Partida que, no rigor dos números, não significou três pontos, mas na lógica do mata-mata, mesmo sem gol "qualificado", representou muito. Principalmente o poder de reação e a confirmação do óbvio que apenas as diferenças fora de campo, como camisa e história, poderiam mascarar.

Hoje, o time cearense é melhor que o tricolor paulista. E Juan Pablo Vojvoda é mais treinador que Hernán Crespo. Bastou resgatar no momento decisivo as maiores virtudes da equipe que a imposição se deu ao natural.

Volume de jogo a partir da contribuição dos alas Yago Pikachu e Lucas Cisprim no campo de ataque. Pela direita, o mais infiltrador; à esquerda, o mais organizador. Na inversão com passe precioso de Crispim, Pikachu perdeu a primeira grande chance da partida.

Dando o tom do que viria, com o Fortaleza organizado, intenso, objetivo e o São Paulo desconexo, tentando viver das individualidades, especialmente Benítez e Rigoni, mas novamente falhando com Tiago Volpi.

É difícil ser consistente com goleiro tão inseguro. Liziero e Benítez falharam, Ronald interceptou e finalizou, não tão forte. O gol daria a confiança que o Fortaleza precisava e abalou de vez o São Paulo. Até porque, um minuto antes, Rigoni, livre, parou em Felipe Alves.

No segundo tempo, a superioridade ficou mais clara. Domínio no meio-campo, com Ronald e Ederson. David entrou no lugar de Romarinho e o ataque ganhou velocidade. Chances perdidas, gol anulado. Até Volpi sair mal da meta e Henríquez, que entrou na vaga de Wellington Paulista, cabecear e praticamente sacramentar a classificação.

Com espaços de sobra para as transições ofensivas em velocidade, o golpe final com David. Atacante que abre o campo pela esquerda, infiltra em diagonal e acelera os ataques.

Gabriel Sara, que substituiu Liziero, marcou no último lance, fechando os 3 a 1. Luciano, que substituiu Eder na volta do intervalo, acrescentou muito pouco na frente. Reflexo de um elenco que não conseguiu entregar o melhor nos momentos mais importantes, também por conta dos muitos problemas físicos.

A conta do esforço sem férias para alcançar o título paulista veio alta demais. Agora só resta buscar uma improvável arrancada no Brasileiro e contar com as vagas na próxima Libertadores que Flamengo e Atlético Mineiro devem abrir. Muito pouco para um trabalho que parecia promissor.

Com 63% de posse, finalizou nove vezes, três no alvo. Contra 14 dos donos da casa, cinco na direção da meta de Volpi. Com três ou dois zagueiros, o time de Crespo não dá liga em disputas de nível mais alto. Não consegue repetir sequer a boa sequência com Diniz na temporada passada.

O Fortaleza é "zebra" contra o Galo. Mas pode equilibrar as forças com o desgaste que o adversário terá para manter a liderança do Brasileiro e na disputa da semifinal continental contra o Palmeiras. Obrigatório repetir nos 90 minutos em casa, e com mais eficiência no ataque, o que fez no primeiro tempo da derrota por 2 a 0 no domingo pelo Brasileiro. A chance é abrir vantagem na ida.

Até outubro, não faltará tempo de trabalho para recuperar a regularidade da primeira metade do turno. O time de Vojvoda é um dos melhores do país e mostrou personalidade em momento crucial. Faz história com classificação inédita, consolidando a reconstrução do clube.

(Estatísticas: SofaScore)