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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Itália sente o primeiro "mata", mas passa pelo batismo de fogo na Euro

Jogadores da Itália celebram gol contra a Áustria. Em placa de patrocinador, lembrança pelo Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ - Ben STANSALL / POOL / AFP) (Photo by BEN STANSALL/POOL/AFP via Getty Images
Jogadores da Itália celebram gol contra a Áustria. Em placa de patrocinador, lembrança pelo Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ Imagem: Ben STANSALL / POOL / AFP) (Photo by BEN STANSALL/POOL/AFP via Getty Images

Colunista do UOL Esporte

26/06/2021 18h44

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Era o primeiro jogo grande e eliminatória da Itália desde o trauma de ficar de fora da Copa de 2018. Natural o temor de ficar pelo caminho, encerrando invencibilidade de 30 partidas e mais de mil minutos sem sofrer gols. E ouvir pelo mundo os comentários oportunistas "não eram isso tudo".

Os elogios pelo grande futebol da primeira fase eram justos. Resultados construídos com desempenho. Mantendo o padrão de jogo, mesmo com oito mudanças na última rodada. Menosprezar com o argumento "quero ver nos jogos decisivos" seria covardia.

Contra a Áustria em Wembley, a Itália sentiu o peso emocional das oitavas com todos os olhos voltados para a equipe de Roberto Mancini. O adversário dificultou pressionando na frente e voltando Laimer para ajudar Lainer pela direita. Fechando o corredor para o lateral Spinazzola, escape que abre o campo no ataque posicional italiano.

A entrada de Verratti deixou, na prática, o 4-3-3 dos últimos jogos com cara de 4-2-3-1, com o meio-campista do PSG mais próximo de Jorginho na construção e Barella mais adiantado. As ações ofensivas ficaram mais previsíveis. A Áustria roubava e criava problemas.

Foram 15 minutos de dificuldades que a Itália ainda não havia enfrentado. Mas depois voltou a se impor com volume de jogo, embora sem nenhuma chance cristalina. Primeiro tempo de 55% de posse, 90% de efetividade nos passes, 11 finalizações contra duas, dois a zero no alvo.

O segundo tempo foi de nítida queda física, errando além do habitual e entregando contragolpes aos austríacos. Mas Mancini agiu bem, trocando Barella e Verratti por Pessina e Locatelli, reoxigenando o meio-campo. Belotti é mais fraco tecnicamente que Immobile, mas colocou mais fôlego e vigor para reter a bola na frente. E Chiesa melhorou a produção ofensiva pela direita no lugar de Berardi.

O treinador Franco Foda guardou as substituições para a prorrogação e deu a impressão de que os austríacos tentariam crescer no fôlego. Mas o grande mérito dos italianos foi não desmanchar mentalmente e seguir executando o modelo de jogo. Na treinada inversão de bola atacando no 3-2-5, a bola chegou a Chiesa aberto pela direita. Chute preciso e a catarse para ganhar confiança de vez.

Na sequência, o gol de Pessina, também em ataque bem trabalhado, que parecia decidir a vaga nas quartas. Só que a Áustria partiu para um abafa com cruzamentos e ligações diretas. Mas só houve tempo para encerrar com o gol de cabeça de Klajdzic o recorde de 1159 minutos sem sofrer gols, batendo o recorde da própria Itália de Dino Zoff nos anos 1970.

No final, um sufoco para consolidar a vitória por 2 a 1 e um grande jogo de 120 minutos, com 42 finalizações - 26 para os italianos, seis a três no alvo. A última etapa do seu batismo de fogo. Mesmo sentindo o primeiro "mata" e deixando a impressão de que pode faltar o craque decisivo em disputas mais parelhas, contra as favoritas. A começar pelas quartas contra Bélgica ou Portugal.

Seja como for, chegar entre os oito ao menos iguala a boa campanha com Antonio Conte em 2016. Não é pouco para quem parecia afundado em uma prateleira mais baixa no cenário mundial.

(Estatísticas: UEFA)