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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Misto do Flamengo voa, mas parar o Brasileiro continua sendo o mais justo

Bruno Henrique, do Flamengo, comemora seu gol durante partida contra o Coritiba - Jorge Rodrigues/AGIF
Bruno Henrique, do Flamengo, comemora seu gol durante partida contra o Coritiba Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Colunista do UOL Esporte

17/06/2021 08h37

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O Flamengo chegou ao quinto jogo consecutivo sem sofrer gols. Mesmo considerando as fragilidades de América e Coritiba em três partidas desta sequência, é um feito importante para quem era vazado até contra pequenos no Carioca.

Nos 2 a 0 sobre o time paranaense que garantiu vaga nas oitavas da Copa do Brasil, foram 67% de posse que rondou os 70% na maior parte do jogo, 90% de efetividade nos passes e nada menos que 22 finalizações contra três, quatro a um no alvo. 15 desarmes contra sete.

Primeiro gol de Vitinho, que vem se destacando nos últimos jogos, apesar da irregularidade dentro das partidas. Linda assistência de Gerson, que vem entregando empenho e qualidade nas partidas que marcam sua despedida do clube.

No segundo, um primor de jogo coletivo com 53 segundos de posse de bola, até João Gomes encontrar Matheuzinho em profundidade e o lateral, que vai se transformando em uma ameaça real à titularidade de Isla, servir Bruno Henrique.

A evolução na execução do modelo de jogo tem relação direta com a parte física. A comissão técnica aproveitou bem os dez dias sem partidas e o time retornou voando baixo. O vigor e a resistência são fundamentais dentro da proposta de pressionar depois de perder a bola e jogar no campo de ataque o tempo todo.

A sequência sem lesões de Diego Alves e Rodrigo Caio também ajudam com categoria e experiência na defesa para compensar os momentos em que o time se expõe. A última linha está mais coordenada, mas a presença de dois jogadores acima da média nacional reduzem as chances de falhas individuais, muito comuns em Hugo Souza, Bruno Viana, Gustavo Henrique e Leo Pereira.

Uma conjunção de fatores que faz o Flamengo botar medo na concorrência. Se está sobrando agora com time misto, imagine com o retorno de Gabigol, Everton Ribeiro e De Arrascaeta depois da Copa América e a volta de Pedro, com Covid e já informado que não será liberado para a seleção olímpica.

A questão é que o elenco mais curto e o calendário apertado devem começar a cobrar um preço alto a partir de agora. No sábado, um jogo perigoso contra o Bragantino, mesmo no Maracanã. Não só pela qualidade do adversário, mas principalmente por ser o quarto jogo seguido com período de descanso de apenas três dias. Um terror para qualquer comissão técnica, pelo risco alto de lesões e a possibilidade grande do time pregar no segundo tempo.

Gerson só permanece até o jogo contra o Fortaleza, no dia 23. Depois deixará mais um buraco no elenco. Thiago Maia está quase liberado para retornar, mas a volta depois de oito meses será gradativa. E uma grande incógnita na reposição de um jogador que faz o time funcionar em alto nível.

Neste cenário, qualquer desfalque por lesão ou suspensão pode fazer um estrago. Não dá para jogar a responsabilidade de manter o desempenho alto em meninos como Max, Ryan Luka e Yuri. Qualquer mudança na espinha dorsal Diego Alves-Rodrigo Caio-Diego Ribas-Bruno Henrique deve causar estragos.

Por isso o mais justo seria parar o Brasileiro até o fim da Copa América, como aconteceu em 2019. Não para beneficiar o Flamengo, mas com o objetivo de evitar um desequilíbrio técnico por fatores externos. Justo também com Atlético Mineiro, que tem quatro convocados, e Palmeiras, com três.

O STJD vai julgar hoje, quinta-feira, o pedido do atual bicampeão brasileiro. Que o bom senso prevaleça e os mais competentes não sejam punidos novamente.

(Estatísticas: SofaScore)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL