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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Chelsea campeão, com méritos e sem inventar. Guardiola é indecifrável

Chelsea celebra o título da Champions League após vencer o City - Alex Caparros - UEFA/UEFA via Getty Images
Chelsea celebra o título da Champions League após vencer o City Imagem: Alex Caparros - UEFA/UEFA via Getty Images

Colunista do UOL Esporte

29/05/2021 18h27

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O Chelsea foi gigante no Estádio do Dragão, em Porto. Concentração absurda na execução de sua proposta de jogo. Organização defensiva e transições precisas. Pronto para não perdoar os erros do City, como fez nos outros dois duelos da temporada sob o comando de Thomas Tuchel.

E Pep Guardiola mais uma vez prova que é um treinador essencialmente de ligas, por pontos corridos. Nas partidas decisivas, a impressão é de tensão para manter o controle e minimizar as aleatoriedades do jogo pelo caráter eliminatório. Também uma necessidade de deixar uma assinatura no duelo tático e estratégico. Sempre mudando a equipe e tirando a naturalidade, justamente em uma decisão que já mexe com o emocional.

Guardiola abriu mão de um volante mais fixo, recuando Gundogan e optando por Sterling na ponta esquerda. Um 3-4-3 com losango no meio-campo. Walker mais preso com Stones e Rúben Dias. Gundogan fixo, Bernardo Silva e Zinchenko pelos lados - se a ideia era ter um lateral construtor, por que não João Cancelo? De Bruyne e Phil Foden alternando como "falso nove", Mahrez e Sterling abertos dando amplitude.

Na prática, não melhorou a construção e expôs a última linha defensiva contra o contragolpe mais letal da Europa. O Chelsea teve a chance de resolver a final em 45 minutos. Com 47% de posse, cinco finalizações, duas no alvo. Werner desperdiçou duas chances, uma furando dentro da área. Mas atraindo a marcação de Dias e deixando Havertz livre para receber passe longo de Mason Mount e marcar o gol do título em jogada construída desde o goleiro Mendy.

Mostrando a versatilidade de um time que deu encaixe imediato com Tuchel. A ponto de se garantir no G-4 da Premier League, alcançar a final da Copa da Inglaterra, mesmo perdendo para o Leicester. E vencendo o torneio mais importante, obsessão de sempre do magnata russo Abramovich. Com méritos absolutos, principalmente por não inventar.

Já Guardiola, depois de arriscar uma formação inicial inusitada, no final viu seu time se limitar a despejar bolas na área para Aguero, Gabriel Jesus e Rúben Dias, que se enfiou como mais um atacante. Dominando o segundo tempo com Fernandinho liderando o perde-pressiona que empurrou os Blues para trás. Depois de perder mais de 60 minutos no excesso de convicção. É mesmo um treinador indecifrável.

Blues sem Thiago Silva, que saiu lesionado para a entrada de Chirstensen. Depois apelando para a retranca mesmo, com Kovacic no lugar de Mount e Pulisic, que substituiu Werner e perdeu a grande oportunidade da segunda etapa. Foram oito finalizações no total, uma a mais que o rival. Com apenas 42% de posse.

Um trabalho de cinco meses que alcança a glória máxima. Competindo sempre e consagrando o jogo coletivo, simbolizado por N'Golo Kanté. O melhor da final, se multiplicando entre as intermediárias e sobrando fisicamente. Com humildade para jogar simples. A grande lição dessa final da Champions.

(Estatísticas: UEFA)