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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Titulares do Flamengo estão de volta. Qual será a referência de Ceni?

Jogadores do Flamengo fazem trabalho de recondicionamento físico no Ninho do Urubu - Alexandre Vidal/Flamengo
Jogadores do Flamengo fazem trabalho de recondicionamento físico no Ninho do Urubu Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Colunista do UOL Esporte

30/03/2021 09h07

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Depois de seis partidas com garotos e reservas, mais Gabigol no empate por 1 a 1 contra o Boavista, os titulares do Flamengo estão de volta para o jogo contra o Bangu na quarta-feira, dia 31, em Volta Redonda. Só Rodrigo Caio, lesionado mais uma vez, ficará de fora.

A tendência é que Willian Arão siga na zaga, como grande "assinatura" de Rogério Ceni até aqui, ao lado de Gustavo Henrique. No mais, sem grandes surpresas: Isla e Filipe Luís nas laterais; Diego Ribas, Gerson, Everton Ribeiro e De Arrascaeta no meio-campo e Bruno Henrique fazendo dupla com Gabigol na frente.

Ou não exatamente. Nas últimas partidas do Brasileiro, contra Internacional e São Paulo, Ceni voltou ao 4-2-3-1 abrindo Bruno Henrique pela esquerda para compensar um Filipe Luís mais recuado, como suporte aos zagueiros na saída de bola e chegando ao ataque mais por dentro. Com esse movimento, Arrascaeta fica mais centralizado, por trás de Gabigol.

A julgar pelo posicionamento dos reservas nas últimas partidas, essa é a hipótese mais provável. No mesmo desenho tático, Michael foi o ponta aberto pela esquerda, enquanto Renê apoiava por dentro. Do lado oposto, Vitinho circulava mais pelo ataque, abrindo o corredor direito para as descidas de Matheuzinho. Movimentos semelhantes aos de Everton Ribeiro e Isla.

No estadual que o Flamengo lidera mesmo sem os titulares deve funcionar. Mas pensando nos grandes desafios da temporada, a começar pela Supercopa do Brasil contra o Palmeiras no dia 11 de abril, provavelmente no Estádio Mané Garrincha em Brasília, é uma ideia que tira mobilidade da equipe.

Ou seja, contraria as características do quarteto ofensivo. Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique crescem com maior liberdade de movimentação. Principalmente este último, que precisa atacar espaços para acelerar e aproveitar sua espantosa velocidade. Ao esperar a bola e receber com o sistema defensivo do adversário organizado, o atacante perde o fator surpresa.

Sempre funcionou melhor com os quatro se mexendo, pressionando no campo adversário, roubando a bola e definindo rapidamente os ataques. Rotação mais alta, dinâmica que desnorteia o oponente. Como no segundo tempo contra o Grêmio nos 4 a 2 em Porto Alegre e na primeira etapa dos 3 a 0 sobre o Sport em Recife.

Qual será a referência? Bem, Ceni já deixou claro que, a médio/longo prazo, o time tem que jogar à sua maneira. Legítimo e o que se espera de qualquer treinador, contanto que a equipe funcione bem. Até agora, sempre que teve tempo para trabalhar e colocar suas ideias em prática, o desempenho coletivo piorou.

Incrível como Jorge Jesus, com seu estilo "sargentão" e centralizador, armou o Flamengo histórico respeitando as características dos jogadores e deixando para trás convicções dos trabalhos anteriores, como o uso de um centroavante típico, e seus sucessores, aparentemente mais maleáveis, tentaram - e Ceni ainda deve insistir mais um pouco - impor à forceps o jogo de posição que não casa muito com o instinto dos atletas.

Como será o Flamengo para a temporada 2021? As respostas devem começar a aparecer contra os "sparrings" no Carioca. Talvez tragam a ilusão que o bicampeão brasileiro não precisa.