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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

A mudança tática que virou do avesso a temporada do Barcelona

Colunista do UOL Esporte

22/03/2021 08h10

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A goleada por 4 a 1 sofrida para o PSG no Camp Nou parecia ser o símbolo do fracasso da temporada que pode ser a última de Messi no Barcelona. O time havia perdido por 2 a 0 para o Sevilla na ida da semifinal da Copa do Rei e via o Atlético de Madri disparado na ponta da liga espanhola. Perdeu até a Supercopa da Espanha para o Athletic Bilbao.

No decepcionante empate em casa com o Cádiz por 1 a 1 no jogo seguinte, uma substituição aos 36 minutos do segundo tempo não deu muito certo, já que o time cedeu o empate aos 43, depois de abrir o placar com gol de pênalti de Messi: Sergio Dest deu lugar ao zagueiro Mingueza.

Mudança que Ronald Koeman manteve nos 3 a 0 sobre o Elche na rodada seguinte. Para fazer Dest voltar nos 2 a 0 sobre o Sevilla pela liga, mas mantendo Mingueza e, pela primeira vez, atuando nitidamente no sistema com três zagueiros. Assim também nos 3 a 0 em cima do mesmo adversário e classificação, na prorrogação, para a decisão da Copa do Rei contra o Athletic Bilbao.

Com Umtiti na vaga de Piqué, a manutenção do sistema nos 2 a 0 sobre o Osasuna que alimentou alguma esperança de reviravolta em Paris na Liga dos Campeões. Faltou efetividade no ataque para transformar o domínio em gols, mas o empate por 1 a 1 com o time de Mbappé apresentou uma solução para qualificar a saída de bola e deixar o modelo menos engessado: Frenkie De Jong virou defensor centralizado entre Mingueza e Lenglet,

Ideia mantida nos 4 a 1 sobre o Huesca e na espetacular goleada fora de casa sobre a Real Sociedad por 6 a 1. Consolidando a proposta de construir volume de jogo com Dest e Alba abrindo o campo e chegando ao fundo, Pedri, Messi e Griezmann trabalhando o jogo entrelinhas e Dembele circulando e atacando a última linha defensiva do adversário nas infiltrações em diagonal. Tudo a partir da saída limpa de trás liderada por De Jong e Busquets.

Uma reviravolta improvável que deixa o time a apenas quatro pontos do líder Atlético, que oscila na temporada, mas agora também não terá a Champions para dividir atenções e esforços. Só que o Barça parece mais sólido para recuperar a hegemonia e repetir as melhores temporadas desde 2014-15, dominando o futebol espanhol.

Não falta cultura de vitória que intimida os concorrentes quando o desempenho cresce. E Messi desperta quando os companheiros se movimentam. dão opções de passe e chegam ao fundo para procurar o gênio argentino entrando na área. Na partida em que quebrou recorde de jogos com a camisa blaugrana (678 partidas, superando Xavi), foi às redes duas vezes e chegou aos 23 gols na liga. Mais oito assistências. E impressionante média de 5,5 finalizações por partida. Justamente porque passou a ser muito mais acionado.

E com Messi aceso e o time mais intenso e rápido, tudo parece possível para o redivivo Barça. Menos turbulento politicamente com Joan Laporta na presidência. Invicto há oito jogos - 18 pela liga - e voltando a aliar desempenho e resultado. Com média de 62% de posse, 89,5% de efetividade nos passes e 15 finalizações por jogo. Fora o ataque mais positivo, com sobras: 67 gols em 28 partidas.

A partir da mudança tática de Koeman que virou tudo do avesso. Lembrando o 3-4-3 de Johan Cruyff nos anos 1990, com o hoje treinador como líbero. Agora outro holandês trabalha no centro do trio de defensores para fazer o time jogar. E assustar os rivais na Espanha.

(Estatisticas: Whoscored.com)

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