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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Mbappé desequilibra para o PSG. Barcelona sofre com seus "cardeais"

Colunista do UOL Esporte

16/02/2021 18h52

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Gerard Piqué ficou três meses sem jogar por conta de uma lesão no joelho direito. Zagueiro de 34 anos, 1,94 m. Liderança importante, um símbolo do Barcelona e da Catalunha. Merece todo respeito pela história multicampeã.no clube.

Mas era jogo para escalar de início o camisa três? Ida da Liga dos Campeões contra o Paris Saint-Germain de Kylian Mbappé, que joga pela esquerda, para cima do jovem lateral Dest, precisando de uma cobertura veloz do zagueiro no setor.

Ronald Koeman preferiu deixar Umtiti no banco. Ainda escalou Busquets no meio-campo ao lado de Frenkie De Jong e Pedri e, claro, Lionel Messi jogando mais adiantado no 4-3-3, com Dembelé e Griezmann nas pontas. Craques e símbolos do clube, mas já veteranos, na reta final de suas carreiras.

Até começou melhor e instalado no campo de ataque, justamente pelo respeito que ainda impõe, especialmente no Camp Nou. O PSG começou mais cuidadoso, num 4-3-3. Variando naturalmente para o 4-1-4-1 com o recuo de Moise Kean e do próprio Mbappé pelos flancos formando a segunda linha de quatro com Gueye e Verratti à frente de Paredes. Foi a solução de Mauricio Pochettino para compensar as ausências de Neymar e Di Maria.

Mas foi quando notou que era possível avançar mais os setores que o time francês deu espaço para a bola longa que encontrou De Jong. Na disputa do holandês com o lateral Kurzawa, o pênalti foi marcado com a confirmação do VAR. Messi cobrou com perfeição, no ângulo esquerdo de Keylor Navas.

A necessidade empurrou o PSG para a frente e, como sempre acontece no mais alto nível, expôs as muitas fragilidades do time catalão, que está praticamente descartado da disputa do título espanhol - a oito pontos do líder Atlético de Madrid, que ainda tem um jogo a menos - e também vive situação complicada na Copa do Rei, depois da derrota por 2 a 0 para o Sevilla na semifinal.

Mbappé passou a ser mais acionado em diagonal e desequilibrou. Três gols, o último já sem Piqué em campo no segundo tempo. Ainda de Keane no jogo aéreo em falta cobrada pela esquerda, o "atalho" dos franceses durante toda partida. Mas o primeiro e o terceiro gols tiveram origem em passes longos para Florenzi nas costas de Jordi Alba. Basta colocar intensidade e rapidez nas transições ofensivas para atropelar. E o camisa sete francês, com espaços para acelerar, faz estragos.

Messi tentou criar e circulou por todo ataque, mas fica cada vez mais nítido que o gênio argentino não dá mais conta de carregar o time catalão nas costas. Ainda mais com os adversários já conhecendo os movimentos do camisa dez que já não são tão ágeis como no auge da carreira.

O Barcelona terminou com 51% de posse, 90% de efetividade nos passes e 13 finalizações, quatro no alvo. Estatísticas que não são ruins, mas representaram pouco na prática. O PSG concluiu 16, metade na direção da meta de Ter Stegen. Chances não faltaram para até ampliar o placar.

Com os 4 a 1 como visitante, o PSG praticamente garante a vaga nas quartas. O que deve permitir o retorno de Neymar na Champions. Importante, até porque nem sempre Mbappé terá essa facilidade toda. Sim, hoje o Barcelona é uma presa fácil entre a "elite" do Velho Continente. Compete pouco, também por conta dessas cadeiras cativas dos "cardeais".

Parece um fim de ciclo. Principalmente porque desta vez a goleada sofrida foi em casa. Mesmo sem a presença da torcida, o impacto é enorme. Do tamanho da atuação de Mbappé no Camp Nou.

(Estatísticas: UEFA)