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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

City atropela Tottenham e Premier League volta à programação normal

Gundogan comemora gol do Manchester City diante do Tottenham - Rui Vieira / Reuters
Gundogan comemora gol do Manchester City diante do Tottenham Imagem: Rui Vieira / Reuters

Colunista do UOL Esporte

13/02/2021 16h48

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A nona rodada da Premier League 2020/21, no final de novembro, colocava o Tottenham na liderança. O início da temporada, praticamente sem preparação das equipes, apresentava jogos de nível técnico e tático mais baixo que o habitual, muito também pela intensidade um tanto comprometida, por todo contexto.

O time de José Mourinho vencera o Manchester City, de Pep Guardiola, por 2 a 0. Com 34% de posse, quatro finalizações, duas no alvo. O quarto triunfo nos seis últimos duelos entre os treinadores. O jogo era a consequência da dificuldade dos citizens diante de times fechados e jogando com rápidas transições ofensivas. Uma armadilha complicada para o técnico catalão, principalmente pela falta de tempo para treinar. Parecia uma tendência de difícil reversão.

A sequência de jogos continuou intensa, mas a pausa na Liga dos Campeões entre dezembro e fevereiro entregou um pequeno alívio no calendário, com janela para administrar o elenco entre liga e copas. O City fechou a participação no Grupo C do torneio continental vencendo em casa o Olympique de Marseille por 2 a 0 no dia 9 de dezembro, empatou com o West Bromwich por 1 a 1, também no Etihad Stadium...

E emendou nada menos que dez vitórias seguidas na liga, 16 em todas as competições. Chegando a 24 partidas de invencibilidade no geral. Números que fazem o City alcançar os 53 pontos e manter, com um jogo a menos, os sete pontos de vantagem sobre o Leicester City, segundo colocado - ao menos até o Manchester United, com 45 pontos, encarar o West Bromwich.

Os 3 a 0 em seus domínios sobre os Spurs foram impostos com autoridade e, de certa forma, fecham um ciclo na temporada. Impondo uma maneira de jogar inteligente e adaptável, embora siga valorizando a posse e buscando o gol. Cada vez menos 4-2-3-1 e mais 4-3-3/4-1-4-1, com Gundogan alinhado a Bernardo Silva e à frente de Rodri. E o alemão na fase mais goleadora e desequilibrante da carreira, acima até da fase iluminada no Borussia Dortmund de Jurgen Klopp.

Sofreu o pênalti convertido por João Cancelo, depois foi às redes duas vezes, chegando a 11 na liga. Também comprovando a flexibilidade de sua equipe. No primeiro, jogada iniciada com sequência de dribles de Sterling, outro que está voando, da direita para esquerda, a bola passando por Foden e Sterling servindo o camisa oito. O terceiro em lançamento longo do goleiro Ederson e com direito a drible humilhante do meio-campista em Davinson Sánchez antes de bater na saída de Lloris. Jogo direto na veia.

Mas com domínio absoluto: 61% de posse, 15 finalizações a 7, seis a três no alvo. Mourinho tentou compactar sua equipe em duas linhas de quatro, com Harry Kane e Lucas Moura na frente. Depois trocou Lucas por Sissoko para reforçar o meio, dando liberdade a Ndombélé. Ainda arriscou Gareth Bale e Dele Alli. Mas, a rigor, teve uma cobrança de falta de Kane na trave e uma oportunidade no segundo tempo com Bale.

Muito pouco para o nível do elenco. Mas que era suficiente no início do campeonato para chegar ao topo. Agora volta à realidade de lutar por vaga em Liga Europa. O City aproveita as oscilações do campeão Liverpool para disparar. Coroando um trabalho coletivo que em momentos tangencia a perfeição nos movimentos que integram ataque e defesa. Não por acaso é o segundo ataque mais positivo, só atrás do rival United e tem a defesa menos vazada, com impressionantes 14 gols sofridos.

Difícil prever como será o retorno da Champions e a administração do elenco que vai se virando sem Kevin De Bruyne. A única certeza é que, depois de um início aleatório, a Premier League volta à programação normal. Não só por conta da questão financeira, mas principalmente pela engenhosidade de Guardiola para repaginar o time na ausência da principal estrela. Sendo mais competitivo e ainda proporcionando momentos de espetáculo. Melhor assim.

(Estatísticas: BBC)