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André Rocha

Superando Pelé ou não, números de CR7 são consequência da "fome" do gênio

Cristiano Ronaldo comemora segundo gol da Juventus sobre a Udinese em partida pela Série A - Marco Bertorello/AFP
Cristiano Ronaldo comemora segundo gol da Juventus sobre a Udinese em partida pela Série A Imagem: Marco Bertorello/AFP

Colunista do UOL Esporte

04/01/2021 08h26

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Cristiano Ronaldo marcou dois gols, e ainda entregou uma assistência, nos 4 a 1 da Juventus sobre a Udinese pela Série A italiana. Com isso chegou a 14 gols na artilharia da competição e alcançou 758 em 1035 jogos oficiais, por clubes e seleções.

A marca superaria os 757 de Pelé (em 815 partidas), mas novamente esbarra na polêmica de contar gols de jogadores que desenvolveram suas carreiras há mais de meio século considerando o contexto atual. No caso do brasileiro, desvalorizando amistosos que carregavam sua relevância na época, inclusive pautando a temporada do Santos e da seleção. O calendário era diferente.

Mas mesmo que somem gols "polêmicos", mas considerados por muitos como oficiais, como o gol pela seleção militar e outros nove pela seleção paulista a favor de Pelé, é questão de tempo para o CR7 ultrapassar o "Rei".

Porque o atacante português parece inesgotável. Vai completar 36 anos em fevereiro e ainda consegue competir em altíssimo nível. São 14 gols em 11 partidas na liga nacional e mais quatro, no mesmo número de jogos, pela Liga dos Campeões. Mais dois em quatro partidas pela Liga das Nações. E três assistências no geral. Segundo o site Whoscored.com, Cristiano Ronaldo é quem mais finaliza na Série A (cinco conclusões por jogo) e o terceiro na Champions (4,3), só atrás de Messi (sete) e Haaland (4,8).

Estatísticas tão impressionantes quanto a capacidade de se reinventar e não limitar tanto a zona de ação em campo. Em 2014, aos 29 anos, ele parecia fadado a se tornar um típico centroavante, mais fixo na área adversária para aproveitar o ótimo posicionamento e a rara capacidade de finalizar com precisão.

Mas Cristiano Ronaldo segue móvel, intenso, capaz de levar vantagem sobre os defensores na velocidade, infiltrando no espaço vazio. Ou conduzindo mudando de direção, cortando da ponta para dentro e finalizando, especialmente do lado esquerdo. Inteligente, prefere jogar em dupla no ataque para indefinir a marcação. Como ponta ou no centro do ataque daria mais referências ao adversário para mapear suas ações.

A motivação não cai, mesmo com a vida financeira mais que resolvida e o nome na história do esporte. Para voltar a ser premiado como melhor do mundo, pela FIFA ou "France Football", depende do sucesso da Juventus na Champions, mas ele segue buscando evolução a cada treino e jogo. Ainda com cuidado total na preparação, obcecado por treinamentos e atento ao repouso e à alimentação.

Difícil encontrar um paralelo em força mental no futebol. Mais complicado ainda é imaginar até onde vai o português com sua "fome" inquebrantável. Superando Pelé ou não nos números, os feitos de Cristiano Ronaldo são mera consequência de sua obstinação. Um gênio do esporte e exemplo para qualquer atleta. Uma referência para a vida.