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André Rocha

Palmeiras encaminha vaga e Abel acaba com falácia do "elenco fraco"

Colunista do UOL Esporte

11/11/2020 18h24

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Eram oito desfalques do Palmeiras para a ida das quartas de final da Copa do Brasil contra o Ceará no Allianz Parque. Além dos convocados Weverton, Gabriel Menino, Gustavo Gómez e Viña; Luan, Felipe Melo, Wesley e Luiz Adriano se lesionaram. Um desafio para qualquer elenco no país, mais ainda para o que, há pouco tempo, foi subestimado pelo próprio ex-treinador, Vanderlei Luxemburgo, e teve o apoio de muita gente boa, inclusive na imprensa.

Seria complicado também, ao menos em tese, para Abel Ferreira, por ter chegado há pouco tempo. Mas valeu a "imersão" do português no estudo das características de seus jogadores e também o trabalho que já começa a aparecer, com algumas jogadas nitidamente ensaiadas, mesmo com pouco tempo para treinar.

Demorou um pouco para ajustar, não só pela chuva pesada que caiu em São Paulo, ainda que não tenha prejudicado tanto a grama sintética, mas também por conta do natural desentrosamento de reservas com a adição de Zé Rafael e Raphael Veiga. Rony, que vinha jogando, começou no banco para Gabriel Verón começar pela esquerda e Lucas Lima executar a função de ponta articulador à direita.

O Ceará repetia a estratégia habitual de se fechar em duas linhas de quatro na execução do 4-2-3-1. A transição ofensiva, porém, era comprometida não só pelos pontas Fernando Sobral e Léo Chú muito recuados, mas principalmente pela ausência de Vinícius, o "Vina". Nenhuma criatividade e uma intensidade média, como se a intenção de Guto Ferreira fosse controlar o jogo negando espaços a um rival muito mexido.

Tudo mudou em cinco minutos "mágicos". Dos 34 aos 39 do primeiro tempo. Primeiro em um ataque confuso, mas com muita gente chegando à frente. Inclusive Gustavo Scarpa, improvisado na lateral esquerda, que apareceu para bater cruzado e abrir o placar. O time visitante baixou a guarda e entrou em ação um mérito de Andrey "Cebola" Lopes que Abel Ferreira manteve: aproveitar a confiança do gol marcado e o abalo do oponente para continuar atacando. Ou mantendo a rapidez dos contragolpes.

Veio então o lançamento espetacular do jovem volante Danilo para Verón pela esquerda. Passe na área, bola passou por Willian e Lucas Lima, mas não por Raphael Veiga. O terceiro gol em nova transição rápida até Verón colocar no ângulo de Fernando Prass. 3 a 0 e classificação encaminhada na primeira etapa. Sempre pela esquerda, para cima do lateral Eduardo.

Pouco adiantou Guto efetuar quatro trocas na volta do intervalo. Sua equipe não pode passar 45 minutos sem finalizar. Sim, zero. Não no alvo, qualquer conclusão. Praticamente inviabilizou a reação na volta, mesmo em Fortaleza.

Ainda que o Palmeiras vá ainda mais mutilado, já que Zé Rafael também saiu lesionado e o próprio Abel Ferreira tenha sido expulso. Mas os lançamentos longos desde o campo de defesa buscando um dos flancos e o cruzamento rasteiro, como o do zagueiro Renan para Scarpa e deste para Willian perder gol feito no início da segunda etapa, já parece um padrão.

Futebol que alia objetividade e estética. Combinação que muitos consideravam inviável, como se fosse questão de contar com grandes craques, ou ao menos ainda ter Dudu por perto. Mas a qualidade é nítida na dosagem de juventude e experiência. As sete vitórias consecutivas não são acaso e acabam com falácia de "elenco fraco". Também aumentam a vergonha dos que abraçaram as teses de quem não fizera nada recentemente para comandar um dos melhores times do país.

(Estatísticas: SofaScore)