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André Rocha

Grêmio classificado, Inter encaminhado. Mas dupla gaúcha deve futebol

Rodrigues comemora o segundo gol do Grêmio na vitória sobre a Universidad Católica - Alexandre Schneider/Getty Images
Rodrigues comemora o segundo gol do Grêmio na vitória sobre a Universidad Católica Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Colunista do UOL Esporte

30/09/2020 00h11

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A cultura copeira do Rio Grande do Sul de cinco títulos de Libertadores dirá que na fase de grupos o que vale é se classificar e no mata-mata é outro campeonato. De fato, não está errado.

Avaliando apenas os resultados e a pontuação do Grupo E, a rodada foi ótima para o Grêmio que garantiu a vaga com os 2 a 0 sobre a Universidad Católica em Porto Alegre e boa para o Internacional, principalmente pelo contexto do empate sem gols no Estádio Pascual Guerrero. Mas o desempenho da dupla não foi animador.

O time de Renato Gaúcho não teve o controle do jogo no primeiro tempo. Sofreu desde o início com a posse de bola do time chileno e foi empurrado para recorrer a um jogo reativo, apostando nas bolas longas procurando o pivô de Diego Souza ou a velocidade pelos flancos. Desde o início, o setor que mais fluía era o direito, com Orejuela e Alisson.

Foi por ali que saiu o cruzamento que encontrou Pepè do lado oposto para abrir o placar logo no primeiro minuto da segunda etapa. Com mais espaços e confiança, a equipe mandante mudou o desenho tático para o 4-1-4-1 com o recuo de Robinho e seguiu na proposta que vai mudando nesta temporada, mas até se justifica pela dificuldade recente de contar com Geromel e Kannemann no miolo da zaga.

Mas foi um vazio que abriu espaço para o jovem Rodrigues. Depois da atuação perfeita no Gre-nal, o zagueiro novamente foi seguro atrás e apareceu na frente para completar outra jogada pela direita - assistência de Alisson. Para fechar com 32% de posse e apenas 72% na efetividade nos passes, porém 14 finalizações - seis no alvo.

A objetividade foi a arma para garantir a vaga, mas para um clube que prioriza tanto o mata-mata a ponto de desprezar o Brasileiro, a equipe segue devendo pensando em fases mais agudas do torneio. Renato tem jogado a meta para baixo hipervalorizando o tricampeonato estadual, mas deve ser cobrado, até pelo hábito de buscar protagonismo em campo, principalmente em casa.

Na última rodada pode resgatar a imposição na Arena contra o América de Cáli, que não teve forças para vencer em casa um Internacional com desempenho sofrível, Sem Edenilson e Moisés suspensos, Eduardo Coudet escolheu Nonato para o meio-campo e promoveu o jovem Leonardo Borges, corrigindo o erro de Matheus Jussa improvisado no Grenal.

Mas deixou Boschilia e Abel Hernández no banco, abrindo Praxedes pela direita e adiantando Leandro Fernández com Thiago Galhardo na frente no 4-1-3-2 habitual. Seja lá qual for a razão das escolhas do treinador argentino, não funcionou. E ainda perdeu Saravia, lesionado. Heitor entrou na lateral-direita e foi responsável pela única finalização no alvo em 90 minutos.

O Colorado seguiu sem fluência na frente mesmo com a entrada de Boschilia na vaga de Praxedes. E perdeu força ofensiva de vez com a tola, juvenil e bisonha expulsão de Fernández, com cotovelada na frente do árbitro. No 4-4-1, restou se defender de qualquer maneira e sofrer.

Mesmo contra um América sem criatividade com a ausência de Duvan Vergara, diagnosticado com Covid-19. Contava com alguma velocidade pelos lados com Arias e Batalia e o apoio por dentro do volante Carlos Sierra, o único que buscava infiltrações para surpreender.

Méritos para Rodrigo Moledo, que parece ganhar a vaga de Zé Gabriel na zaga. Seguro, jogando simples e com concentração absoluta, erro zero. Vigiando bem Adrián Ramos e, inclusive, desviando o chute de Moreno que bateu no travessão. A finalização mais perigosa das 14, seis no alvo.

Os três pontos de vantagem, o saldo positivo de três gols, cinco de vantagem sobre o América, e o duelo contra a eliminada Católica, mesmo fora de casa, tranquilizam para a última rodada, só no dia 22 de outubro. Até lá muita coisa pode mudar. A começar pelo Grenal no sábado. Mais um calvário emocional, mas que pode virar tudo do avesso se encerrar a sequência de dez clássicos sem vitória, seis sem ir às redes. Por outro lado, uma nova derrota pode criar uma crise difícil de imaginar as consequências.

Tudo fica mais imprevisível com times tão irregulares. O Grêmio ao menos tem a serenidade a seu favor.

(Estatísticas: SofaScore)