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André Rocha

Elenco do Vasco bate no teto e trava "Ramonismo"

Henrique e Dudu disputam bola durante Vasco x Atlético-GO em jogo do Brasileirão 2020 - Jorge Rodrigues/AGIF
Henrique e Dudu disputam bola durante Vasco x Atlético-GO em jogo do Brasileirão 2020 Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Colunista do UOL Esporte

11/09/2020 06h59

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Ramon Menezes precisava descansar Benítez e Leandro Castán.da sequência desgastante de jogos e a partida contra o Atlético-GO em São Januário parecia a menos complicada, em tese. A esperança era que a defesa, já desfalcada de Ricardo Graça, que testou positivo para a Covid-19, suportasse bem a demanda e o meio-campo sofresse menos sem o principal criador.

Entraram Marcelo Alves na zaga e Bruno César como meia central de um 4-2-3-1 ofensivo. Lutaram, tentaram, deixaram o máximo em campo. Mas coletivamente não foi suficiente, porque o Brasileiro é duro e equilibrado e com jogos a cada três ou quatro dias fica ainda mais imprevisível.

O time de Vagner Mancini acelerou pela direita com Janderson para cima de Henrique, justamente o lateral que fica mais preso para que Yago Pikachu tenha mais liberdade do lado oposto. Só que a cobertura de Marcelo Alves não era tão eficiente para compensar a menor colaboração defensiva de Talles Magno, que fica um pouco mais liberado para funcionar como válvula de escape na transição ofensiva.

No meio-campo, mesmo com Andrey e Fellipe Bastos, a circulação da bola perdeu qualidade sem Benítez, que preenche um espaço maior no campo que Bruno César jogando mais adiantado, próximo a Gérman Cano. E Carlinhos pela direita também contribuiu pouco, tornando a equipe cruzmaltina menos móvel e criativa. E não melhorou tanto com Bruno Gomes e Vinicius no segundo tempo.

Fernando Miguel salvou atrás, Cano resolveu na frente com a típica finalização de um toque, simples e eficiente. O sexto gol do argentino, vice-artilheiro do campeonato. Só que não houve tempo para recuar linhas, agrupar os jogadores para guardar a própria área e acelerar os contragolpes.

Porque o Atlético, que criou tanto pela direita, foi letal no minuto seguinte: cruzamento do bom lateral-esquerdo Nicolas na cabeça de Renato Kayzer. O atacante revelado pelo Vasco exploraria novamente as fragilidades da zaga adversária, mesmo com o esforço do mais que promissor Miranda, no gol da virada, completando assistência da direita.

Cano poderia ter salvado uma vez mais com belo gol, porém a nova orientação esdrúxula de anular qualquer ataque por toque no braço, mesmo totalmente involuntário, negou o empate que, pelas circunstâncias, seria um bom resultado. O Atlético-GO, que venceu o Flamengo e empatou com o Fluminense, tirou pontos novamente de um carioca e saiu do Z-4.

Já o Vasco dá a impressão de que o elenco bateu no teto. Mais estudado pelos rivais por conta do bom momento e com o desgaste da sequência que continuará dura com a participação na quarta fase da Copa do Brasil, as limitações pesam. É momento de resiliência para enfrentar o contexto complicado. Com sete gols sofridos, perdeu até a condição de defesa menos vazada para o Palmeiras.

O "Ramonismo" que fez o vascaíno sonhar alto travou. Mas ainda pode entregar boas coisas no mata-mata e garantir uma campanha sem sustos nos pontos corridos. Com Benítez e Castán de volta no primeiro dos três confrontos com o Botafogo em setembro, o Vasco ganha capacidade de competir. Mas a noite em São Januário foi de choque de realidade.