Topo

André Rocha

Atlético apresenta novidades, mas também as "velhas" convicções de Sampaoli

Colunista do UOL Esporte

15/07/2020 12h36

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O jogo-treino contra o América na Cidade do Galo apresentou as novidades do Atlético Mineiro, cercado de expectativas pelas contratações e despertando curiosidade sobre o encaixe das novas peças no modelo de jogo de Jorge Sampaoli.

O placar de 3 a 2 nos 60 minutos com os titulares, sem alteração na outra hora de treinamento, vale menos que observar a evolução do primeiro tempo de 30 minutos para a segunda etapa. No início, o problema da execução do 4-3-3 era a circulação lenta da bola entre os zagueiros Igor Rabello e Rever com Allan auxiliando na saída de bola.

Mais o goleiro Rafael, estimulado a trabalhar com os pés. A troca de passes entre o quarteto, porém, quase invariavelmente resultava em uma bola longa procurando o venezuelano Jefferson Savarino, bem aberto pela direita para tentar a jogada individual.

Ficou "manjado" rapidamente e o América do treinador Lisca negou espaços e começou a se soltar em rápidas transições ofensivas, aproveitando a intensidade baixa dos atleticanos no perde-pressiona, outro recurso comum dos times do treinador argentino.

Também necessidade pela formação ofensiva. Além de Savarino pela direita, Nathan e Hyoran por dentro, Marquinhos pela esquerda e Marrony como uma referência móvel no centro do ataque. Mas também com presença na área,

O ex-Vasco cresceu com a maior fluência ofensiva na segunda parte, com Marquinhos e Arana sendo mais acionados pela esquerda e variando as jogadas. Com intensidade e rapidez na tomada de decisão, Marrony apareceu nas finalizações marcando dois gols.

O da "virada" foi de Hyoran. Inicialmente pouco participativo, depois infiltrando mais para concluir. Inclusive perdendo um gol feito completando jogada pela direita. Setor que ganhou coordenação com o lateral Guga trabalhando mais vezes por dentro, colaborando na construção e posicionado para ajudar a zaga na transição defensiva. Deixando Savarino aberto e contando com o apoio de Nathan para as combinações pelo flanco.

Mas foi pela esquerda que saiu a jogada pela esquerda que terminou no pênalti convertido por Hyoran, que participou da movimentação em alguns momentos alternando com Marquinhos pela ponta esquerda. Movimentos habituais dos times de Sampaoli que exige volume ofensivo e muita gente na área adversária como opção de passe para finalizar.

As outras duas partes valeram para observar Bueno e Junior Alonso, os zagueiros contratados.Mais rápidos que os titulares e que devem ganhar mais oportunidades. Também Léo Sena no meio-campo e os jovens Guilherme Castilho, Sávio (de 16 anos!) e Calebe do time de transição que vem ganhando atenção de Sampaoli.

Giovani também entrou, mas por uma má notícia: a lesão de Diego Tardelli, que entrou no terceiro tempo e saiu sentindo muitas dores no tornozelo direito depois de uma dividida forte. A última informação era de trauma forte, sem descartar a possibilidade de fratura.

Otero chamou atenção funcionando como uma espécie de ponta articulador pela direita e, logicamente, pela participação ativa nas bolas paradas. Mais uma opção ofensiva de um ataque que terá Keno pela ponta com agressividade no duelo pessoal, outra marca dos times do treinador com "assinatura" forte.

O Campeonato Mineiro volta no dia 26, repetindo o confronto com o América no Independência. Até lá, Sampaoli terá tempo para fazer mais experiências e observações. Até porque a expectativa é de resposta rápida em desempenho e resultados nos jogos oficiais para vencer o estadual e já estrear com força no Brasileiro contra o Flamengo, grande rival histórico e tratado como grande oponente pelo treinador argentino.

O reinício de trabalho aponta ideias interessantes. Nenhuma revolução para quem conhece as "velhas" convicções de Sampaoli. Mas já o suficiente para dar competitividade a qualquer equipe brasileira. Ainda mais com pedidos atendidos pela diretoria, apesar das dificuldades financeiras do clube.

Vale acompanhar a sequência do trabalho de um time com potencial para ser uma grande atração da retomada do futebol brasileiro.