Allan Simon

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Estreia de Galvão na Amazon tem problemas, homenagens e 'inimigo do VAR'

A aguardada estreia de Galvão Bueno nas narrações do Amazon Prime Video no Brasileirão não saiu como esperado. Um problema técnico tirou o locutor dos primeiros 15 minutos da partida, incluindo a ausência no primeiro gol do Corinthians na vitória por 3 a 0 sobre o Vasco. Essa falha afetou muito a própria atuação do narrador principalmente no primeiro tempo e prejudicou o ritmo geral da transmissão.

A Amazon, que é uma das grandes novidades do Brasileirão neste ciclo de direitos com a compra de 38 jogos exclusivos por ano até 2029, mirou em Galvão como principal estrela do projeto. Contratou Mauro Naves, parceiro de décadas na Globo, e chamou Vanderlei Luxemburgo, amigo do narrador, para a estreia. Mas acabou não garantindo uma produção à altura.

Galvão já não estava participando do pré-jogo na reta final de preparação dos times, indicando algum possível problema com o áudio. Mauro Naves, que apresentava diretamente de um púlpito no gramado - novo modismo que pegou em peso no Brasil - segurou a transmissão até a hora do apito inicial. Antes dos problemas, Galvão recebeu homenagens de nomes como Milton Leite, Paulo Roberto Falcão, entre outros.

Sem qualquer sinal de som vindo da cabine, coube ao narrador Napoleão de Almeida, da RedeTV! e da BandNews FM, que vinha fazendo algumas partidas da NBA no Prime Video, assumir a condução do jogo. Narrou, inclusive, o gol de Yuri Alberto aos 12 minutos do primeiro tempo. Segurou muito bem a "bomba" e conduziu a transmissão se mostrando preparado para aquela situação.

Talvez ainda pior que o problema técnico, que aconteceu justamente na estreia de uma estrela da narração, foi a falta de satisfação imediata ao espectador. Claro que as atrações principais são sempre os times, ainda mais com camisas do peso de Corinthians e Vasco em campo, mas não é impossível dizer que havia uma audiência ligada para ver o primeiro jogo de Galvão no Brasileirão desde 2012. Faltou na hora uma explicação mais clara do que aconteceu.

Galvão Bueno voltou aos 15 minutos de partida, disse que houve um problema - brincando até com a obviedade da própria fala - e parabenizou Napoleão pela narração do gol. A qualidade de som, porém, era bem abaixo do esperado, com algum 'estouro' nos momentos de maior entonação na voz. A parte técnica claramente estava ruim, mesmo com o retorno do time de cabine. O áudio de Luxemburgo, por exemplo, parecia mais baixo.

Apesar de ter perdido a primeira chance, a vez de Galvão narrar um gol demoraria só mais alguns minutos, e veio com Memphis Depay ampliando a vantagem do Corinthians aos 27 minutos. Lance ideal para o velho Galvão de sempre, já que o VAR demorou na checagem de um possível toque de mão na origem do lance, abrindo espaço para que o narrador e Luxemburgo falassem na "transferência de responsabilidade" que a ferramenta teria causado no futebol.

No fim do primeiro tempo, Galvão pediu desculpas pelo problema no início da transmissão, mas novamente não houve qualquer explicação de qual foi esse problema. Só não parecia totalmente sanado, já que o narrador chegou a perguntar nesse momento se estava sendo ouvido.

Já no segundo tempo, a transmissão fluiu melhor na parte técnica. Houve até um momento de 'gafe' quando Galvão narrou um gol que não existiu, ao achar que um ataque do Vasco terminou com a bola na rede.

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A versão 'Galvão inimigo do VAR' voltaria a aparecer quando um gol de Memphis Depay foi checado por posição de impedimento de Yuri Alberto na origem da jogada. Já era o segundo gol corintiano anulado com ajuda da tecnologia.

Mesmo com Nadine Basttos explicando o lance, Galvão insistiu em outra teoria sobre a jogada, chegou a cravar que não poderia ser marcado impedimento, mas diante da interpretação da comentarista tendo sido reforçada com as imagens e a anulação, voltou a brigar contra a forma de aplicação da regra e o uso do VAR no futebol moderno. Lamentou ter perdido um "grito longo de gol que há muito tempo não soltava".

No fim do jogo, já nos acréscimos, finalmente um gol para o Corinthians foi validado pelo VAR, e Galvão até comemorou não ter jogado fora o grito de gol. Aos 74 anos, claramente a voz não é mais a mesma dos tempos áureos de Globo, mas o esforço para entregar uma narração emocionante foi admirável.

É lamentável que os problemas técnicos, que tiraram parte bastante relevante do tempo total do jogo, 15 minutos, tenham marcado mais a estreia de Galvão, que não conseguiu ficar 100% focado na partida logo que assumiu a narração no primeiro tempo, mas agora a Amazon tem o dever de arrumar a casa e fazer algo muito melhor na próxima vez.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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