Allan Simon

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Estreia de Galvão na Band revive 'Bem, Amigos' sem o mesmo clima de rodada

O programa 'Galvão e Amigos' estreou hoje cercado por uma grande expectativa pela volta do formato do 'Bem, Amigos', comandado por Galvão Bueno durante quase 20 anos no sportv, mas agora em TV aberta na Band. O clima de nostalgia foi evidente, o fã que acompanhou as noites de segunda-feira ao longo de duas décadas se reencontrou com o estilo com o qual se acostumou. Ou quase isso.

O clima de pós-rodada típico dos tempos de TV paga ainda não apareceu nesta primeira edição, que ficou centrada nos participantes e na temática de seleção brasileira e CBF. Sobrou o último bloco para o Brasileirão, principal competição nacional que começou no fim de semana e que apareceu no programa a partir de um merchan da Amazon, que transmite o campeonato com Galvão Bueno na narração, e com uma leitura dos resultados e comentários rápidos, sem imagens.

O retorno

Os primeiros minutos de programa já foram um grande 'revival' da antiga atração na TV paga com as apresentações dos parceiros fixos de Galvão na Band: Mauro Naves, Casagrande e Paulo Roberto Falcão, todos antigos companheiros de Globo. Outros nomes, inclusive da Band, como Reginaldo Leme, deverão aparecer ao longo das próximas semanas.

Depois, foram longos minutos de Ronaldo, convidado especial do programa, falando sobre sua candidatura frustrada a presidente da CBF, o que o ex-jogador quis com a empreitada, o que esperava fazer pelo futebol brasileiro, o que pensa sobre o momento atual do esporte, entre outras coisas, além de contar sobre as lesões que sofreu durante a carreira. Era uma tônica do resto do programa, Ronaldo falando sobre temas gerais, como seleção brasileira, liga de clubes, SAF, entre outros.

É claro que uma ocasião de estreia sempre carrega um peso diferente, o convidado era uma das mais brilhantes figuras da história do futebol brasileiro, craque da última conquista mundial ocorrida há mais de 20 anos, mas o 'Galvão e Amigos' vai precisar mostrar nas próximas edições se ficará mais na 'conversa' do que era o antigo 'Bem, Amigos'.

Sem imagens

O ritmo inicial foi bem lento para um programa de TV aberta, mas também mais lento que a atração original no sportv, que contava com VTs de gols, falas de jogadores (as chamadas "sonoras"), e outros elementos que davam dinamismo ao programa e variava mais os assuntos.

Só depois de meia hora no ar é que entrou qualquer imagem atual que não fosse do estúdio com os convidados, ainda assim exibida apenas no telão com trechos do jogo entre Argentina e Brasil ocorrido na semana passada pelas eliminatórias para a Copa do Mundo, a goleada que derrubou Dorival Junior.

Há hipóteses para isso: no sportv, canal pago da Globo, era ilimitado o uso de imagens dos gols da rodada em competições como o Brasileirão, jogos da seleção brasileira, entre outros. Agora, na Band, que não possui os direitos de transmissão dos principais campeonatos de futebol, as regras são diferentes e restritas aos 3% de cada evento. Vai ser mais interessante ver o programa na semana que vem, quando Galvão poderá usar e abusar das imagens da Fórmula 1, um produto da casa.

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O cenário, que também remete muito aos tempos de sportv, com a bancada de Galvão no centro e os assentos dos convidados nos dois lados, é bonito. A Band, aliás, tem acertado com frequência nessa área nos últimos anos. Os telões laterais são informativos, usados no começo, por exemplo, para mostrar quais serão os quatro últimos jogos do Brasil nas eliminatórias e suas datas, depois a classificação e ainda estatísticas.

Brasileirão ocupa menos espaço

De novo: era uma estreia, não dá ainda para dizer que vai ser sempre assim, mas o programa não teve o mesmo grau de ligação com o factual que o 'Bem, Amigos' tinha, era praticamente um pós-jogo naqueles tempos porque estava em um canal que transmitia partidas na faixa anterior.

Hoje, em quase 50 minutos de primeiro bloco, nenhum tema foi discutido sobre o Brasileirão, que começou ontem e já teve muitas discussões, vaias a times que empataram em casa, demissão de técnico no Fluminense, entre outros fatos. Veio o segundo bloco, e mais seleção como tema, nada de clubes brasileiros.

Restou o terceiro bloco para finalmente a competição ser tema, mesmo assim após alguns minutos de seleção, e só com resultados no telão e comentários rápidos dos participantes, além de um debate sobre qual time conseguiu o melhor resultado na estreia e os palpites dos quatro favoritos ao título de cada convidado.

Claro que também não ajudou o fato de não ter um jogo envolvendo times grandes de São Paulo ou do Rio de Janeiro na noite desta segunda, como acontecia muito no sportv. Mas o programa de estreia foi tão descolado da rodada do principal campeonato do país, que se tivesse sido gravado um pouco mais cedo ninguém perceberia, exceto por informar o resultado de Red Bull Bragantino 2 x 2 Ceará, jogo da segunda-feira.

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Vai evoluir

O factual do futebol é o principal ponto a ser ajustado para que haja um bom resultado na TV aberta. No geral, o espírito do 'Bem, Amigos' estava lá. Galvão Bueno demonstrou a capacidade de sempre ao comandar os debates, distribuir o jogo entre os participantes, e estava à vontade como se ainda estivesse na Globo, casa que poderia ter dado a ele a chance de um programa desse gênero em TV aberta.

Foi muito legal a ideia da 'plaquinha de acréscimos' no final da atração, determinando quantos minutos a mais o programa ainda teria no ar para as considerações finais.

Como toda estreia, fica agora a expectativa pelos ajustes que virão. O produto é muito bom e já carrega uma história anterior, além de ser a volta de Galvão Bueno a uma casa que foi quem o lançou de fato no mercado nacional, 44 anos depois de trocar a Band pela Globo.

Na semana que vem, tendo já acontecido um GP do Japão, uma segunda rodada de Brasileirão e com todos os participantes brasileiros da Libertadores e da Sul-Americana tendo estreado e já se preparando para outra partida continental, seria legal conversar mais com os fatos e notícias dos clubes desde o começo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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