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O que surpreende no 'descaso' de Memphis com o Corinthians?

Muito sinceramente e já oferencendo um spoiler, nada.

Viraram motivos de debate os largos sorrisos de Memphis Depay ontem, no banco do Corinthians, enquanto assistia ao atropelamento de "seu time" pelo Santos, na Vila Belmiro. Um amasso que acabou em 3 a 1, fora o baile.

As aspas acima não são acidentais. O time dele não é o Corinthians. É a Holanda. Sua alegria, suas declarações e, pasmem, seu futebol não mentem. O Timão é um meio para um fim. Um lugar para lhe manter ativo o suficiente para continuar sendo chamado pela Laranja Mecânica. Não muito diferente do que acontecia com James Rodríguez por São Paulo e Colômbia.

Pela Seleção, tudo. Pelo clube, o mínimo possível.

Dá para culpar o holandês?

O empregador vive imerso no caos e em dívidas. Todos os seus últimos presidentes estão sendo investigados pelo Ministério Público (Andrés Sanches já foi denunciado). Não menos importante, o empregador atrasou seus pagamentos — absurdos, diga-se. Como sempre lembra minha amiga Milly Lacombe, toda vez que Memphis dá uma assistência ou faz um gol, o Corinthians fica mais pobre. Isso não é problema dele, claro. Azar de quem ofereceu um contrato leonino ao craque.

O colega José Martínez nem sequer meteu um atestado para faltar ao trabalho. Simplesmente não está indo aos treinos, nem atendendo ao telefone. O que isso diz sobre o compromisso com o clube?

Ainda assim, respondendo à questão da culpabilidade: sim, Memphis pode ser cobrado pela postura. Ele é funcionário de uma instituição gigante, com uma torcida gigante, que lhe ofereceu todo o amor do mundo, desde que ele chegou aqui, desprestigiado na Europa. Tem servido de trampolim para sua permanência na seleção holandesa, às vésperas da Copa do Mundo, mesmo sem grandes atuações. Sem falar no dinheiro. No apartamento. Na chef particular. Ou em todas as benesses de seu generosíssimo acordo.

Alguma dessas coisas ele deveria respeitar: senão o clube, a torcida. Senão a torcida, os companheiros. Senão os companheiros, o acesso à seleção. Senão o acesso à seleção, o dinheiro.

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Mas não. Memphis deixou transparecer ontem que vê o Corinthians menos como trampolim e mais como estorvo. Um mal necessário. Por ora.

Não surpreende, mas abala.

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