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Estêvão deveria honrar mais a camisa do Palmeiras e menos a de Messi

Duas observações importantes antes de eu seguir com a minha opinião. Primeiro, o Palmeiras não apresentou um desempenho medonho na partida de ontem contra o Inter Miami por causa de Estêvão — o maior culpado foi Abel Ferreira que, segundo admissão do próprio, escalou mal a equipe. Segundo, Estêvão tem apenas 18 anos e é preciso levar isso em conta ao julgar seu comportamento.

Sigamos, então.

Depois do empate que garantiu a primeira colocação no grupo, o jovem atacante ainda era só sorrisos. Os mesmos sorrisos que exibiu rumo ao vestiário, ainda no intervalo, quando seu time perdia por 1 a 0, completamente desnorteado no Hard Rock Stadium. Os sorrisos se dirigiam a Messi, que caminhava ao seu lado e com quem trocou camisa ali mesmo, deslumbrado.

Dentro de campo, Estêvão contribuiu pouquíssimo. O curso do jogo só mudou com as entradas de Maurício, Paulinho e Allan, que em cinco minutos fez mais do que a joia a caminho do Chelsea em noventa.

E, ao que tudo indica, reside aí o problema: no Chelsea. Na zona mista, o camisa 41 confessou aos jornalistas: "É muito difícil (me manter focado). É um sonho que vou realizar, mas tenho que trabalhar, não é fácil (?). O friozinho na barriga vai batendo, mas estou tentando me focar ao máximo aqui."

Como é, amigo? Está difícil focar nos jogos mais importantes da sua carreira no clube que lhe formou? Está difícil lembrar que o seu desempenho com a bola em um evento global pode ajudar a determinar o seu status na chegada à Inglaterra? Está difícil querer impressionar o mundo, ou mesmo Messi e Suárez, com sua habilidade como atleta? Está difícil fazer o trabalho pelo qual você é generosamente pago?

Grave. Estêvão é uma das grandes estrelas do Mundial. Seu rosto estampa boa parte das propagandas da Fifa. Acima de tudo, Estêvão era uma das grandes esperanças do Palmeiras em um torneio dificílimo. Aquele de quem se espera o inesperado, aquele que bate no peito, diz "joga em mim" e decide o dia. Não aquele que fica babando ovo de outras estrelas. Mesmo que uma delas seja o Messi.

Talvez o garoto devesse se inspirar em Djalminha. A lenda palmeirense não precisou pedir a camisa de Messi. Ao vê-lo à beira do gramado, La Pulga correu em sua direção, com um sorriso de orelha a orelha. Abraçou o craque e lhe deu sua camisa como um gesto que parecia de gratidão.

Talvez Estêvão devesse almejar a admiração de Messi. E isso não se consegue com tietagem ou mesmo com talento puro. Isso se consegue honrando cada camisa vestida, com foco, futebol e resultado.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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