No Carnaval e fora da semi: o que surpreende nas atitudes de Neymar
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Neymar foi para a Sapucaí. E daí?
Sim, ele estava de folga e cada um faz o que bem entende nos seus dias de descanso. Assim como cada um colhe os frutos das suas decisões. Chegou de ressaca em uma reunião importante? Ficou vendo série até de madrugada e perdeu a hora? Se machucou na pelada e vai faltar à apresentação da escola do seu filho? Tudo tem um preço.
Dá para dizer que o atacante não atuou na partida mais importante do Santos no ano porque foi para o Carnaval? Não. Dá para dizer que ir ao Carnaval foi uma escolha ruim? Sim.
Ah, mas se ele tivesse entrado e feito gols, ninguém ia falar nada. Exatamente. Quer ser o Romário? Jogue como o Romário.
Classificação e jogos
Neymar sentiu a coxa. Neymar foi convocado para a seleção brasileira. Neymar pegou seu helicóptero e levou os parças santistas ao sambódromo. Neymar ficou de fora da semifinal do Paulistão. Essa é a cronologia dos fatos.
Se tem uma coisa que quem é de Carnaval sabe é que o Carnaval cansa. Pode ser desfile, pode ser de rua, pode ser no perrengue, na pipoca, na arquibancada ou no camarote. Carnaval cansa. É inevitável andar, passar um tempão em pé, dormir mal e voltar exausto. Se beber então... Cada segundo vale a pena, se você quer saber a minha opinião. Apenas não é sem custo para o corpo.
Neymar trabalha com o corpo. Neymar está tentando se recuperar da pior lesão da sua carreira, que aconteceu na sequência do que era, até então, a pior lesão da sua carreira. Precisou voltar ao Brasil, rescindindo um dos maiores contratos da história, para poder voltar a jogar. Foi recebido como um príncipe, literalmente. Não faltou quem lhe lambesse as botas e ignorasse tudo que ele representa fora dos gramados.
A resposta dele? Fazer o que sempre fez. O que bem entende, independentemente das consequências para quem paga suas contas. Lembram do cruzeiro no meio da recuperação da cirurgia no joelho? Então. Neymar não pode se privar. Imagina só ele perder o Carnaval por causa do Santos. Ou se sacrificar pelo Peixe em um estadual e arriscar ficar de fora da seleção. De jeito nenhum. O ídolo quer. O ídolo tem.
Aliás, este sempre foi um dos maiores problemas em relação a Neymar, na minha avaliação: todos os benefícios de ser ídolo, nenhuma da responsabilização. Só a parte massa de ser estrela. O dinheiro, a fama, a admiração, o paparico. Nada da cobrança por ser exemplo e referência para milhões de crianças e adultos. Nos últimos tempos, nem jogar ele precisa. Pode ser tratado como um dos maiores jogadores de futebol do mundo sem nem sequer jogar futebol.
O que surpreende, então, na decisão de ir ao Carnaval, nas vésperas de uma decisão e logo após a convocação generosa de Dorival Júnior? Absolutamente nada. Quem se chocou, com todo respeito, não estava prestando atenção.
Deve ser bom viver assim, cercado de puxa-sacos e passadores de pano. Ser o cara que nunca erra. E até quando erra está certo. Palmas para o Príncipe. O Santos que lute.
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