É pré-temporada, mas o futebol precisava estar tão ruim?
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A pobre alma que se dispôs a assistir a Sampaio Corrêa-RJ x Vasco e São Paulo x Inter de Limeira provavelmente se arrependeu dessas horas de vida que não serão recuperadas. Ainda mais se ela também tiver se submetido ao Fla-Flu, a Novorizontino x Santos ou a Água Santa x Palmeiras, no final de semana.
Roubando a expressão do podcaster vascaíno João Almirante: se Charles Miller visse o que fizeram com a bola ontem, teria se arrependido de trazer o esporte bretão ao Brasil.
Foram momentos de doer a vista. Bolas para fora. Pixotadas. Muito erro e pouco futebol. A expressão "ossos do ofício" raramente se aplicou tão bem à obrigação de acompanhar futebol pela profissão.
Claro, estava calor. Muito calor. A temporada mal começou. É mesmo o momento para treinadores realizarem testes, darem oportunidades, pensarem em novos rumos. A hora de errar é agora.
Nada, porém, me convence de que esses argumentos justificam tamanho descaso com a redonda. E talvez descaso seja a palavra-chave aqui.
O São Paulo jogou muito bem contra o Corinthians e de forma sólida contra o Mirassol. O Flamengo amassou o Botafogo. Vivendo um momento de restruturação, o Santos venceu bem o São Paulo. O Palmeiras goleou o Guarani e tinha acabado de dominar o Corinthians, ainda que incapaz de transformar a superioridade em vitória. Embora Vasco e Fluminense ainda estejam buscando seu caminho, os elencos não justificam desempenhos tão ruins.
O que passa então? Por que estamos sendo sujeitados a apresentações tão tristes, diante de públicos tão magros, se os mesmos times já protagonizaram partidas bem melhores?
Em parte, parece-me que ninguém sabe como lidar com os estaduais. Importam ou não? Vão custar cargos? Um tetracampeonato ou uma saída de fila valem o desgaste? Qual preço será cobrado lá na frente, por quem não poupar agora? Não digo poupar só fisicamente, mas poupar foco também. Poupar energia mental, concentração, entrega.
É justamente isso que temos visto oscilar tanto nesse início de ano. O time entra mordido em um dia e sonâmbulo no outro. Dá a impressão de estar quase pronto na quarta e ser uma tragédia anunciada no domingo.
Para além do corpo, a cabeça de muita gente parece ainda não estar totalmente no jogo. Talvez seja prudente diante de um calendário tão massacrante. Talvez a conta chegue cedo para quem não se dedicar logo. A ver quem vai acordar antes que seja tarde.
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