A mulher no futebol não pode nem cair em paz
Ler resumo da notícia
Está bombando agora no UOL a notícia Jogadora alemã reclama de sexismo nas redes sociais por fotos nos jogos. No texto, ficamos sabendo que a meio-campista alemã Lena Oberdorf, da seleção alemã e do Bayern de Munique, está de saco cheio de não poder jogar futebol em paz.
"Quando entro no TikTok depois dos jogos, vejo centenas de edições. Quando levanto minha camisa para limpar o suor, o resultado são cinco edições com música sexy", ela contou a um podcast. Sim, enquanto trabalha, ela precisa policiar a maneira como enxuga o suor, algo absolutamente intrínseco à profissão. Algo que vemos os homens fazerem sem nem piscarmos.
"Às vezes, quando estou caída no chão, penso: 'Esta é uma posição desfavorável'. Nós não caímos tanto no chão porque queremos continuar jogando. Isso se tornou um problema para mim. [...] Porque muitas pessoas dão zoom quando você está deitada. Certa vez, vi um vídeo de um cara sentado na arquibancada do Wolfsburg dando zoom no celular enquanto as jogadoras estavam se alongando."
Não há paz nem no chão.
As declarações de Oberdorf me fizeram pensar na experiência recente de mulheres jornalistas críticas a Neymar. Este é apenas um exemplo e, acreditem, há muitos.
No final de semana, viralizou o vídeo de uma atriz falando apenas verdades sobre o atacante do Santos. Lembrando, como tantas de nós fazemos, o comportamento dele fora de campo: episódios de violência de gênero, suspeita de sonegação, crimes ambientais, a fiança de Daniel Alves e por aí vai.
Preocupada com ela, uma jornalista esportiva que conheço entrou em contato para saber como estava o hate. Se ela estava lidando bem com a chuva de ódio a que estamos tão "acostumadas". Para nossa surpresa, não havia chuva de ódio, e sim de apoio. Uma enxurrada de comentários — especialmente de mulheres — batendo palmas, aliviadas por ouvir alguém se manifestar em meio ao frisson da volta de Neymar.
Em choque, pensamos: nossa, o problema então é a nossa bolha, onde um vídeo como aquele nos faria precisar deixar as redes por algumas semanas. Normalizamos o absurdo.
Claro que existe ódio em muitos universos, mas o ódio às mulheres é especial em alguns lugares. Lugares em que uma atleta profissional precisa pensar antes de cair. Precisa, ainda dentro de campo, imaginar que tipo de misoginia ela vai sofrer depois. Precisa despender energia de preservação no momento em que deveria simplesmente poder exercer seu ofício.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.