A falência múltipla do futebol em São Paulo
A cidade onde nasci aniversaria hoje. Como de praxe, recebeu nesta data comemorativa a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O São Paulo virou para cima do Corinthians, depois de estar perdendo por 2 a 0, e foi campeão com uma belíssima vitória por 3 a 2. Triunfo marcante do Tricolor.
Menos marcantes são as derrotas civilizatórias da capital. Primeiro, o próprio Pacaembu. Surrupiado do município e sem o Tobogã, deveria ter sido inaugurado em 25 de janeiro de 2024. Um ano depois, hospedou o encerramento da Copinha com permissões de última hora, obras por todos os lados e capacidade reduzida. É só privatizar que resolve tudo, né?
Outra tristeza ficou por conta da mais infeliz permanência e produto de exportação do futebol paulista: a torcida única. Por causa da melhor campanha, apenas são-paulinos puderam acompanhar a festa. Assim como amanhã, no repeteco do confronto, pelo Campeonato Paulista, somente torcedores tricolores poderão comparecer ao Morumbis.
Quando eu já tentava superar essas desgraças, meu WhatsApp apitou. Era minha amiga Milly Lacombe encaminhando uma postagem das redes sociais do próprio Corinthians, mostrando a chegada dos garotos ao estádio. O refrão da música bombando ao fundo do vídeo? "Vou caçar piranha, eu quero comer puta." É isso aí que motiva a nova geração. Que precisa entrar em campo e respeitar uma árbitra. E que vai sair dali para conviver com tantas mulheres, sabe lá a deusa com que tipo de comportamento. Mais sobre isso, na coluna de hoje da Milly.
O icônico Pacaembu foi-se. A nova versão é feia e não está pronta. Um dos maiores clássicos do futebol local acontece duas vezes no mesmo final de semana e só uma torcida pode aproveitá-lo. Rivais não aprendem a conviver. Meninos de 20 anos, o futuro do nosso futebol, preparam-se para uma grande decisão nos chamando de putas e piranhas. Em uma cidade que ontem estava debaixo d'água.
Nem cerveja no estádio pode.
É isso aí. Parabéns, São Paulo.
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Opinião
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