Avião 'fraco' foi erro grave do Botafogo e de John Textor
Você já emprestou alguma coisa sua para um amigo? Uma camisa? Batedeira? Um par de sapatos? O videogame? Até mesmo seu carro?
Pois é, bilionário empresta avião. Robert Kraft, dono do New England Patriots da NFL, emprestou sua aeronave ao brother John, proporcionando o transporte de seus atletas ao Qatar para a disputa da Copa Intercontinental. Generosidade a gente vê por aqui.
O desafio cronológico e logístico do Glorioso era imenso. De 26 de novembro a 8 de dezembro, disputou praticamente quatro finais: Palmeiras, Atlético-MG (com um a menos), Inter e São Paulo. Foi campeão duas vezes em oito dias, passando por quatro cidades em dois países, e, depois de levantar o segundo caneco, tinha menos de 72 horas para entrar em campo em mais uma partida decisiva, em outro continente.
Quem faz muitas viagens longas (já fui essa pessoa) sabe que a qualidade do assento muda a sua vida. O contraste entre voar de econômica ou de executiva é brutal: basicamente, a diferença entre passar mais de 12h tentando dormir sentado ou uma noite razoavelmente tranquila na horizontal.
Classificação e jogos
Não é frescura quando se trata de trabalho, especialmente no caso de atletas, que precisam do corpo para realizar o seu decentemente. No alto rendimento, mais até do que para os reles mortais, o sono é fundamental. Inclusive, considera-se ideal um dia de recuperação para cada hora de fuso. Ou seja, além do cansaço, os jogadores alvinegros teriam basicamente um dia para se adaptar a seis horas de fuso.
Logo, tornar a viagem do Rio a Doha a mais curta e cômoda possível deveria ter sido a grande prioridade da diretoria, algo que estava no seu controle, em meio a um cenário absurdo. Comeram bola. As imagens mostram os atletas tentando se esticar nas fileiras do meio, encolhidos nas janelas, com o pé esticado por cima dos encostos, claramente desconfortáveis. Para piorar, o avião não dispõe de autonomia para tamanha distância e precisou fazer uma parada para reabastecimento, aumentando ainda mais o trajeto.
O zagueiro Alexander Barboza não poupou críticas depois da derrota, em entrevista à CazéTV: "Não há corpo que aguente, é muito difícil. Não é desculpa, mas é muito difícil. Jogamos há dois dias, em um horário completamente diferente, sem conseguir dormir. Eu acordei 3h da manhã e não consegui dormir até antes do jogo. O café da manhã era a partir da 8h da manhã, e tinha gente desde 6h esperando... não conseguiam dormir. Um avião ruim. A gente não conseguiu viajar da melhor maneira. Foram muitas coisas. Não são só as pernas, é o mental também. É um jogo difícil para caral**".
O Botafogo tomou 3 a 0 do Pachuca por causa disso? Claro que não. Mas John Textor e seus milhões poderiam ter oferecido melhores condições àqueles que mais sentem na pele o peso de um calendário massacrante. Enfim, talvez ele já nem se lembre como viajam os não bilionários.
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