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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quem é maior na história do Palmeiras: Abel ou Felipão?

Abel Ferreira recebe a visita de Felipão - Cesar Greco/Palmeiras
Abel Ferreira recebe a visita de Felipão Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

02/07/2022 16h42

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Esta é uma semana nostálgica para a torcida palmeirense. A aposentadoria do Mago Jorge Valdivia. O reencontro com Chiqui Arce, hoje comandante do Cerro Porteño. E o encontro entre outro ídolo da primeira conquista da Libertadores, Luiz Felipe Scolari, e o homem que venceu duas em um só ano, Abel Ferreira.

Hoje, eles se encaram como treinadores pela primeira vez, mas seus caminhos já se cruzaram em 2008, quando Felipão convocou o então lateral direito do Sporting para treinar com a Seleção de Portugal.

Há quem considere os dois técnicos que se enfrentam às 21 horas, no Allianz Parque, pelo Brasileirão, como os dois maiores da era moderna palmeirense. Vanderlei Luxemburgo também figura entre os gigantes, mas hoje é difícil não alçar ao topo os dois únicos campeões da Libertadores pelo Palmeiras.

Para mim, que comecei a viver o futebol no início dos anos 1990, Scolari significa muitas coisas. Significa, inclusive, uma escola que me fazia passar muito nervoso, que eu admirava e detestava em igual medida: o Grêmio daquela década.

Felipão fez, então, o impossível. Conquistou o coração de quem tinha aprendido a odiá-lo no tricolor gaúcho.

No total, foram 484 jogos à frente do Palmeiras, com 237 vitórias, 132 empates e 115 derrotas. Conquistou Mercosul (1998), Torneio Rio-São Paulo (2000), Copa do Brasil (1998 e 2012) e o Brasileirão (2018), para enxaguar o gosto amargo do rebaixamento de 2012. Mas, claro, seu nome ficou gravado na alma alviverde com o título inédito da Libertadores, em 1999.

Abel Ferreira já completou 132 jogos, com 77 vitórias, 26 empates, 29 derrotas e cinco títulos. Copa do Brasil (2020), Paulistão (2022), Supercopa (2022) e, claro, as duas Libertadores seguidas (2020 e 2021).

A meu ver, em qualquer esporte, a única maneira possível de fazer uma comparação objetiva são os números. Épocas diferentes, condições diferentes de temperatura e pressão, conjunturas diferentes, tudo entra no universo do subjetivo. Nenhuma medida será perfeita. Hamilton, Schumacher ou Senna? Hamilton. É isso.

Considerando os títulos mais importantes, Felipão venceu duas Copas do Brasil, um Brasileiro e uma Libertadores. Abel levou uma Copa do Brasil e duas Libertadores. Um abriu a porta do continente, o outro solidificou o Palmeiras como uma de suas maiores potências.

A diferença não está nos títulos, mas no tempo de função. Abel só tem uma passagem, com 352 jogos a menos do que Big Phil.

Para mim, porém, o legado de Felipão e Abel vai além dos canecos. Eles são pilares da construção da autoestima palmeirense. Eles sempre agiram para, de alguma forma, proteger seus elencos da bronca da imprensa, da pressão da torcida, das cobranças infinitas. Para-raios turrões. E ganharam. Ganharam a ponto de calar rivais e os mais céticos integrantes da turma do amendoim. Família Scolari, Todos Somos Um.

E, nesse sentido, entendo que o feito do português seja também mais impressionante, pela velocidade com que transformou o Palmeiras no time a ser batido e a torcida em um grupo minimamente confiante. Pegou o terreno arado por Felipão e, de cara, colheu uma seara histórica.

Assim como é histórica a noite de hoje, na Rua Palestra Itália. Pena que aconteça no pior dia+horário do futebol brasileiro: sábado, 21h.

Lembrando que, na sequência, às 23h, já no horário da balada, tem Live do Palmeiras, no UOL Esporte, comigo e o Danilo Lavieri.

Até lá, cornetas no Twitter e umas coisas mais esmeradas no Instagram.