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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como a CBF está acabando com a torcida pela Seleção

Tite anuncia convocação da seleção brasileira para jogos contra Coreia do Sul e Japão, em junho - Reprodução/YouTube
Tite anuncia convocação da seleção brasileira para jogos contra Coreia do Sul e Japão, em junho Imagem: Reprodução/YouTube

11/05/2022 12h48

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A convocação de Tite, hoje pela manhã, reacendeu a eterna chama da discórdia entre Seleção Brasileira e clubes. O conflito entre as datas do nosso futebol e as datas FIFA gerou um fenômeno que, na minha infância, seria impensável: torcer contra a Seleção. Ou, no mínimo, torcer para que jogadores queridos não conquistem seu sonho de representar o país.

Guilherme Arana, Danilo e Weverton desfalcarão Atlético-MG e Palmeiras em até cinco partidas, incluindo Libertadores e um clássico entre eles. Se recuperado da lesão na coxa a tempo, o alviverde deve perder também o uruguaio Joaquín Piquerez.

Tudo isso para que os brasileiros passem boa parte do tempo esquentando o banco nas partidas amistosas contra Coreia do Sul (em Seul), Japão (em Tóquio) e um adversário a definir (em Melbourne), depois do cancelamento do duelo contra a Argentina.

Não bastasse o período estendido, a convocação inclui viagens longuíssimas e uma diferença de fuso brutal. Os três voltarão exaustos.

Claro que muita gente ficou feliz pelos atletas, especialmente Danilo, chamado pela primeira vez. Mas, hoje em dia, é muito difícil para torcedoras e torcedores apoiarem a Seleção, em detrimento de seus clubes, que são a paixão real, visceral, companheiros do dia a dia.

(Aliás, algumas das escolhas de Tite conseguiram um feito paradoxal: tem palmeirense achando absurda a não convocação de Raphael Veiga e maldizendo a de Danilo, desfalque importantíssimo para a equipe.)

Em um ano de Copa do Mundo, no qual brasileiras e brasileiros poderiam estar se apaixonando cada dia mais pela Seleção, acompanhando cada momento da preparação e vibrando na expectativa do hexa, a gestão terrível de calendário da CBF conseguiu o oposto: levar-nos a ver a Seleção como um estorvo.

Com isso e a Copa acontecendo somente no fim do ano, depois do encerramento da temporada dos clubes, acho que o país só vai entrar na onda da amarelinha a poucos dias da bola rolar no Catar. E muito graças aos feriados que virão no pacote. E porque existe cerveja.

  • Veja comentários de Danilo Lavieri e Vitão Guedes sobre a convocação na live de UOL Esporte: