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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alicia - Palmeiras e Atlético-MG: jogo feio também ganha título

Felipe Melo e Hulk disputam a bola durante o jogo entre Palmeiras e Atlético-MG - Conmebol
Felipe Melo e Hulk disputam a bola durante o jogo entre Palmeiras e Atlético-MG Imagem: Conmebol

22/09/2021 12h58

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A grita é geral na internet: Palmeiras e Galo assassinaram o futebol ofensivo, ontem, no Allianz Parque. Nenhum chute certo ao gol. De qualquer lado. Nem de pênalti a bola encontrou a direção certa.

Ouvi críticas maiores ao Palmeiras. Talvez seja o viés de boa parte da mídia esportiva, tão mais focada no eixo Rio-SP, ou mesmo a minha bolha na tuitosfera.

De fato, o clube mineiro criou mais oportunidades - tarefa fácil, dada a inoperância do ataque alviverde. Mas a falta de chances e de pontaria afetou os dois lados. Por culpa e mérito de ambos.

Curiosamente, o time creditado com a retranca fez apenas 9 faltas, contra 22 do adversário. Média até baixa, considerando grandes confrontos de Libertadores. Foi muito mais um jogo sonolento do que violento. Tático do que técnico.

Rony é um bom exemplo para ilustrar as opções da noite. Massacrado por muitos analistas pela fantasmagórica participação ofensiva, ele foi fundamental na anulação à Guilherme Arana. Possivelmente, sua principal atribuição na partida. Deveria ser essa sua função como atacante? Talvez, não. Era o que a torcida queria ver? Com certeza, não.

A meu ver, no entanto, Abel Ferreira não acabou com o jogo. Não mais que Cuca. Aliás, dado o momento atual, as estrelas e o favoritismo, o feito de parar o Atlético pode ser considerado maior do que o de anular o Palmeiras.

Fato é que nenhum dos treinadores pareceu entrar em campo para decidir o jogo em São Paulo. Claro, ninguém quer ver sua agremiação pisar no gramado para não perder, mas também duvido ver alguém reclamar caso a estratégia funcione. E ela pode funcionar.

Ao Palmeiras basta não perder. Na pior das hipóteses, um empate sem gols leva a decisão aos pênaltis. O que certamente causará arrepios na torcida.

Ao Atlético basta uma vitória simples, em casa, com torcida. (Aliás, a isonomia saiu pela janela na Libertadores e nunca mais voltou.)

Na prática, na frieza da análise de quem vive de resultado, o placar não foi ruim para ninguém. Ah, mas a gente não deve olhar para o futebol com frieza, queremos ver gols, jogo bonito, lances espetaculares. Todo mundo quer. Arrisco dizer, porém, que o que todo mundo quer mesmo é levantar taças. Na beleza e na feiura, na goleada e na retranca.

Se Palmeiras ou Galo forem campeões, quem dirá à filha ou filho, daqui dez anos: pois é, meu amor, nosso time se sagrou campeão do maior torneio das Américas jogando feio, sem se arriscar, numa chave fácil, com um gol achado no final. Ninguém.

O Boca Juniors é um bom exemplo de clube exaltado pelo domínio continental, que nem sempre o fez acariciando a bola. A história não está nem aí. Ela registra quem passa de fase, quem vence no final.

Torcedoras e torcedores torturados até quase meia-noite ontem, a taça ainda pode ser sua.